sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Soneto imperfeito da caminhada perfeita" - Poema de Sidónio Muralha



Soneto imperfeito da caminhada perfeita

 
Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas,
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar.
Ninguém teme as mordaças ou algemas.
- O braço que bater há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Versos brandos... Ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço: Sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.


 (1920 - 1982)
 in "A Argamassa dos Poemas"


Vieira da Silva, Le métro, 1940


"O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior."

(Alfred Montapert)

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