Pierre-Auguste Renoir, Julie Manet with cat, 1887
Poema para habitar
A casa desabitada que nós somos
pede que a venham habitar,
que lhe abram as portas e as janelas
e deixem passear o vento pelos corredores.
Que lhe limpem os vidros da alma
e ponham a flutuar as cortinas do sangue
– até que uma aurora simples nos visite
com o seu corpo de sol desgrenhado e quente.
Até que uma flor de incêndio rompa
o solo das lágrimas carbonizadas e férteis.
Até que as palavras de pedra que arrancamos da língua
sejam aproveitadas para apedrejarmos a morte.
em Coração de Bússola, 1967
"...Hoje sou pastor de rios, sentinela de colinas, mirante das fortalezas nas ameias das neblinas... É por mim que à noite os ventos vêm chorar sobre as ruínas..."
(Afonso Estebanez)
James Blunt - Wisemen
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