sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Pequenas coisas" - Poema de Albano Martins


Paul Gauguin (1848–1903), The Midday Nap, 1894, Metropolitan Museum of Art
 


Pequenas coisas

 
Falar do trigo e não dizer o joio.
Percorrer em voo raso os campos
sem pousar os pés no chão.
Abrir um fruto e sentir no ar
o cheiro a alfazema.

Pequenas coisas, dirás,
que nada significam perante esta outra,
maior: dizer o indizível.
Ou esta: entrar sem bússola na floresta
e não perder o rumo.
Ou essa outra, maior que todas
e cujo nome por precaução omites.
Que é preciso, às vezes,
não acordar o silêncio.


Albano Martins, Escrito a vermelho
Campo das Letras, 1999, 1ª edição


Hector Berlioz - Symphonie Fantastique - part 1


Louis-Hector Berlioz

Compositor, crítico e maestro francês do período Romântico, nasceu em 1803, em La Côte-Saint-André, em França, e morreu em 1869, em Paris. Ficou conhecido pela Symphonie Fantastique (1830) e pela peça dramática La Damnation de Faust (1846).
Foi enviado pelo seu pai para estudar medicina, mas acabou por ingressar no Conservatório de Música e, algum tempo depois, compôs Sinfonia Fantástica (Symphonie Fantastique), que se tornou num dos trabalhos mais importantes do século XIX. A seguir, revelou-se um excelente chefe de orquestra, na mesma altura em que se estreou como ensaísta e crítico musical. No entanto, o seu génio criador, e desconcertante para a época, foi mais reconhecido no estrangeiro do que em França. Só depois de morrer é que foi reconhecido como um dos maiores românticos e inovadores, especialmente a nível da instrumentação.
Os seus trabalhos mais significativos incluem as óperas Benvenuto Cellini (1838), Les Troyens (1855-58) e Béatrice et Bénédict (1862); as composições corais Huits Scènes de Faust (1829), Lélio ou le Retour à la Vie (1831), Requiem (Grande Messe des Morts (1837), Roméo et Juliette (1839), Grande Symphonie funèbre et Triomphale (1840), La Damnation de Faust (1846) e L'Enfance du Christ (1854); e os trabalhos orquestrais Waverly (1823), Les Francs-Juges (1827), Symphonie Fantastique (1830), Le Roi Lear (1831), Le Corsaire (1831-52), Harold en Italie (1834) e Le Carnaval Romain (1844).  (Daqui)


Paul Gauguin, Girl with a Fan, 1902


"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade."

(Karl Mannheim)


Sociólogo de origem húngara, Karl Mannheim nasceu na Hungria em 1893, onde viveu até 1919, quando se mudou para a Alemanha. O início da sua carreira foi desenvolvido neste país, do qual se viu forçado a sair em 1933. A partir desta data passa a viver na Grã-Bretanha, onde lecionou na London School of Economics. 
O reconhecimento internacional deste autor derivou do seu trabalho na área da sociologia do conhecimento. Mannheim denunciou a existência de uma relação entre as formas de conhecimento e a estrutura social e tentou resolver o problema daquilo a que chamou as implicações relativistas da sociologia do conhecimento, apontando soluções para o princípio que postula que, se todas as crenças podem ser socialmente localizadas, é impossível qualquer critério de verdade socialmente independente. Segundo este autor, os intelectuais teriam um importante papel face a esta relatividade da verdade, já que deverão ter as competências necessárias para analisar os problemas sob mais do que uma perspetiva. Crítico de Marx, Mannheim distingue utopias de ideologias dizendo que estas últimas apenas ajudam a preservar a ordem social estabelecida enquanto as primeiras se esforçam por transformar sonhos em realidades efetivas, o que fez delas, historicamente, fontes influentes de ação. 
Mannheim também teorizou acerca da necessidade de reconstrução social da atual sociedade massificada. Faleceu em 1947. 
As suas obras principais são as seguintes: Ideology and Utopia (1936); Man and Society in an Age of Social Reconstruction (1940); Diagnosis of Our Time (1943); Freedom, Power and Democratic Planning (1951); Essays on the Sociology of Knowledge (1952); Essays on Sociology and Social Psychology (1953); Essays on the Sociology of Culture (1956).

Karl Mannheim. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-12-23].


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