Pieter van der Werff, Granida and Daifilo, 1711,
(Wallraf-Richartz-Museum, Cologne)
Realidade
Fomos longe demais, para voltar
Aos antigos canteiros onde há rosas.
Em nós, o ouvido, quase e, quase, o olhar
Buscam nas cores vozes misteriosas...
Mas o mistério é flor da juventude.
Não rima com poemas desumanos.
A idade — a nossa idade! — nunca ilude.
Só uma vez é que se tem vinte anos.
Quebrámos todos, todos os espelhos
E o sol que, neles, está hoje posto
Já não reflecte os lábios tão vermelhos
Que nos iluminam, sempre, o rosto.
Realidade? Há uma: apenas esta!
— Somos espectros na cidade em festa.
in "Eu Desci aos Infernos"
Telepatia
Telepatia
Silêncio, calma
Feitiçaria
Da tua alma
Passo a passo
Sem ter medo
Abrimos, soltámos
O nosso segredo
E a sorrir
Devorámos o mundo
Num abraço
Tão profundo
Telepatia
Sem contratempo
Deixei-te um dia
Num desalento
E eu sonhava
Existia
P'ra sempre p'ra sempre
Foi pura poesia
Sem pensar
Não vi-te, passavas
Pelo meu corpo
Não ficavas
Telepatia
"Minha querida, eu soube sempre
Eu já sabia que te ia conhecer
Minha querida era fatal
Fiz tanta força
Para isto acontecer
És tão bonita meu amor
Eu não te queria perder
Já sei, adivinho
O que estás a pensar
Vim do outro lado do mar,
Talvez um dia volte, não sei
Mas penso em ti, acredita
Adivinhei-te em segundos
Quando jurámos eternidade"
E a sorrir
Devorámos o mundo
Num abraço
Tão profundo
Telepatia
Silêncio, calma
Feitiçaria
Da tua alma
Telepatia...
Letra de Ana Zanatti
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