Edvard Munch, "O Grito" (The Scream, 1893)
Letreiro
Tudo o que sou o sou por obra e graça
da comoção rural que está comigo.
Foi a virtude lírica da Raça
a herança que eu herdei do sangue antigo.
Foi esta voz que em minhas veias passa
e atrás da qual, maravilhado eu sigo.
Como um licor de encanto numa taça,
assim se quer esse condão comigo.
Olhai-me: – Eu vim de honrados lavradores.
De avós e netos, sempre os meus Maiores
fitaram o horizonte que hoje eu fito.
«O que estaria além da curva estreita?»
– E da pergunta, a cada instante feita.
nasceu em mim a ânsia pro Infinito.
António Sardinha, A Epopeia da Planície
António Sardinha
António Maria de Sousa Sardinha (Monforte, 9 de Setembro de 1887 — Elvas, 10 de Janeiro de 1925) foi um político e poeta português.
Destacou-se como ensaísta e argumentador, produzindo uma obra que se afirmou como a principal referência doutrinária do Integralismo Lusitano. A sua defesa de uma monarquia tradicional, orgânica, antiparlamentar serviu de inspiração a uma influente corrente do pensamento político português da primeira metade do século XX.
António Sardinha foi um adversário da Monarquia da Carta (1834-1910) chegando, no tempo de estudante na Universidade de Coimbra, a defender a implantação de uma República Portuguesa. Depois de 5 de Outubro de 1910, profundamente desiludido, acabou por se converter ao ideário realista da monarquia orgânica.
A lusitana antiga liberdade do verso de Luís de Camões era uma referência dos integralistas, tendo no municipalismo e no sindicalismo duas palavras-chave de um ideário político que não dispensava o Rei, entendido como o Procurador do Povo e o melhor garante e defensor das liberdades republicanas.
António Sardinha era anti-iberista. Em vez da fusão dos Estados de Portugal e de Espanha, propôs uma aliança entre todos os povos hispânicos, a lançar por intermédio de uma aliança entre os dois Estados da Península - Espanha e Portugal, ambos reconduzidos à monarquia. A Aliança Peninsular entre as duas Monarquias seria, na sua perspetiva, o ponto de partida para a constituição de uma ampla Comunidade Hispânica (dos povos de língua portuguesa e espanhola), a base mais firme onde assentaria a sobrevivência da civilização ocidental. António Sardinha morreu jovem, com apenas 37 anos.
Obras poéticas: Tronco Reverdecido (1910), Epopeia da Planície (1915), Quando as Nascentes Despertam (1821), Na Corte da Saudade (1922), Chuva da Tarde (1923), Era uma Vez um Menino (1926), O Roubo da Europa (1931), Pequena Casa Lusitana (1937). Ensaio: O Valor da Raça (1915), Ao Princípio Era o Verbo (1924), Ao Ritmo da Ampulheta (1925), entre outras.
Edvard Munch em 1921
Edvard Munch (Løten, 12 de Dezembro de 1863 — Ekely, 23 de Janeiro de 1944) foi um pintor norueguês, um dos precursores do expressionismo alemão. Edvard Munch frequentou a Escola de Artes e Ofícios de Oslo vindo a ser influenciado por Courbet e Manet. No lugar das ideias, o pensamento de Henrik Ibsen e Bjornson marcou o seu percurso inicial. A arte era considerada como uma arma destinada a lutar contra a sociedade. Os temas sociais estão assim presentes em O Dia Seguinte e Puberdade de 1886. Com A Menina doente (Das Kränke Mädchen - 1885) inicia uma temática que surgiria como uma linha de força em todo o seu caminho artístico. Fez inúmeras variações sobre este último trabalho, assim como sobre outras obras, e os seus sentimentos sobre a doença e a morte, que tinham marcado a sua infância (a mãe morreu quando ele tinha 5 anos, a irmã mais velha faleceu aos 15 anos, a irmã mais nova sofria de doença mental e uma outra irmã morreu meses depois de casar; o próprio Edvard estava constantemente doente), assumem um significado mais vasto, transformados em imagens que deixavam transparecer a fragilidade e a transitoriedade da vida. Edvard Munch em Paris, descobre a obra de Van Gogh e Gauguin, e indubitavelmente o seu estilo sofre grandes mudanças. Em 1892 o convite para expor em Berlim torna-se num momento crucial da sua carreira e da história da arte alemã. Inicia um projeto que intitula O Friso da Vida. Edvard Munch representou a dança em 1950. Aos trinta anos ele pinta O Grito, considerada a sua obra máxima, e uma das mais importantes da história do expressionismo. O quadro retrata a angústia e o desespero e foi inspirado nas deceções do artista tanto no amor quanto com seus amigos. O Grito é uma das peças da série intitulada O Friso da Vida. Os temas da série recorrem durante toda a obra de Munch, em pinturas como A Menina Doente (1885), Amor e Dor (1893-94), Cinzas (1894) e A Ponte. Rostos sem feições e figuras distorcidas fazem parte de seus quadros. Em 1896, em Paris, interessa-se pela gravura, fazendo inovações nesta técnica. Os trabalhos deste período revelam uma segurança notável. Em 1914 inicia a execução do projeto para a decoração da Universidade de Oslo, usando uma linguagem simples, com motivos da tradição popular. Munch retratava as mulheres ora como sofredoras frágeis e inocentes (Puberdade e Amor e Dor), ora como causa de grande anseio, ciúme e desespero (Separação, Ciúmes e Cinzas). As últimas obras pretendem ser um resumo das preocupações da sua existência: Entre o Relógio e a Cama, Auto-Retrato de 1940. Toda a obra está impregnada pelas suas obsessões: a morte, a solidão, a melancolia, o terror das forças da natureza.
Edvard Munch, Death in the Sickroom (1895)
Edvard Munch, Ashes (1894)
Edvard Munch, The Sick Child (1907)
Edvard Munch, The Dance of Life (1899–1900)
Edvard Munch, Weeping Nude, 1913-1914
Edvard Munch, O dia seguinte, 1894-95
Edvard Munch, Lady from the sea
Edvard Munch, The Storm, 1893
Edvard Munch, Red Virginia Creeper, 1898-1900
Edvard Munch, Red Creeper, 1900
Edvard Munch, Clair de lune, 1893
Edvard Munch, Evening on Karl Johan, 1892
Keane - Somewhere Only We Know
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