sexta-feira, 13 de abril de 2012

"O Segredo do Mar" - Poema de Afonso Lopes Vieira


Adamastor, da colecção de painéis de azulejos do mestre Jorge Colaço, evocando Os Lusíadas, 



O Segredo do Mar


A “Flor do Mar” avançando
Navegava, navegava,
Lá para onde se via
O vulto que ela buscava.

Era tão grande, tão grande
Que a vista toda tapava. 

E Bartolomeu erguido
Aos marinheiros bradava
Que ninguém tivesse medo
Do gigante que ali estava.

E mais perto agora estão
Do que procurando vão!

Bartolomeu que viu?
Que descobriu o valente?
- Que o gigante era um penedo
que tinha forma de gente?

Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar é livre e é seguro
E foi um português que o foi abrir.


Obra Poética (séc. XX)




Jorge Colaço (Tânger, 26 de Fevereiro de 1868 — Caxias, 23 de Agosto de 1942) foi um pintor português.
Nasceu no Consulado de Portugal em Tânger, Marrocos, filho de um diplomata. Estudou arte em Lisboa, Madrid e Paris. Exímio desenhador destacou-se na caricatura, na pintura e no azulejo, aqui com capacidades inovadoras de processos e de técnicas. Foi proprietário e diretor artístico da revista O Thalassa (1913-1915) e colaborou nas duas edições, seguidas, do periódico Branco e Negro existente entre 1896 e 1898, e O Branco e Negro editado apenas em Março e Abril de 1899, e ainda na revista Illustração portugueza iniciada em 1903. Era primo da atriz Amélia Rey Colaço.


Adamastor, escultura de Júlio Vaz Júnior no miradouro de Santa Catarina, Lisboa, Portugal
inaugurada em 1927


Júlio Alves de Sousa Vaz Júnior (Lisboa, 1877-1963) foi um escultor português.
Em 1893 ingressa na Academia Portuense de Belas Artes onde é discípulo de Teixeira Lopes e Marques de Oliveira.
Enquanto estudante da Academia de Belas Artes do Porto, Júlio Vaz abraça a vida académica da cidade invicta, integrando a geração de 1897 do corpo de músicos da Tuna Universitária do Porto enquanto violinista.
A sua formação passa por Paris no fim do século XIX, onde tem como Mestre Jean-Antoine Injalbert na Académie de la Grand-Chaumiere.
Em 1904 integra os quadros enquanto docente da Escola Industrial Dr. Bernardino Machado e mais tarde o corpo de docentes da Escola Industrial Machado de Castro em Lisboa.
Enquanto escultor, Júlio Vaz Júnior possui uma carreira de perto de 70 anos, trabalhando a par com a Sociedade Nacional de Belas Artes, saliento-se as seguintes obras: "Adamastor" (Miradouro de Santa Catarina - 1922/1927); "Octogenário" (2º prémio na Exposição no Rio de Janeiro em 1908); "Austera", peça produzida em 1911, vencedora do 3º Prémio atribuído no concurso aberto pela Câmara Municipal de Lisboa; "A Eloquência", peça produzida em 1915, Sala dos Deputados da Assembleia da República, Palácio de S. Bento; "Receosa", peça produzida em 1924, apresentada na XXIIª Exposição da SNBA; "Dr. José Leite de Vasconcelos", peça produzida em 1932, apresentada na Exposição da SNBA no ano de 1937; "Monumento aos Mortos da Grande Guerra de 1914-1918", Lamego; "Simplicidade", Ministério das Finanças, Lisboa; "Fidelidade", Avenida Gomes Pereira, Benfica, Lisboa; "Ad Meliora"; "Viriato"; "Lusitânia"; "A Vaga"; "Ignota Dea"; "Família". 


Adamastor
 (Mitologia)

Adamastor é um mítico gigante baseado na mitologia greco-romana, referido por Luís de Camões em Os Lusíadas, também referido por Fernando Pessoa no poema O Mostrengo, chamando-lhe Mostrengo. Representa as forças da natureza contra Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade, ameaçando a ruína daquele que tentasse dobrar o Cabo da Boa Esperança e penetrasse no Oceano Índico, os alegados domínios de Adamastor.

É o nome atribuído a um dos gigantes, filhos de Gaia, que se rebelaram contra Zeus. Fulminados por este, ficaram dispersos e reduzidos a promontórios, ilhas e fraguedos. O seu nome surge, certamente, pela primeira vez com Sidónio Apolinário. O gigante foi listado por Rabelais, em Gargantua e Pantagruel.

Foi popularizado ao ser usado com verdadeira mestria pelo poeta português Luís de Camões, no Canto V da epopeia portuguesa Os Lusíadas, como o gigante do Cabo das Tormentas, que afundava as naus, e cuja figura se desfazia em lágrimas, que eram as águas salgadas que banhavam a confluência dos oceanos Atlântico e Índico. O episódio do Adamastor representa, assim, em figuração grandiosa e comovida, a sua oposição à audácia dos navegadores portugueses e a predição da história trágico-marítima que se lhe seguiria.


Wonderful Chill Out Music - The Ocean



  • "Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida." - José Saramago

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