sábado, 7 de abril de 2012

"Azulejo" - Poema de Ary dos Santos


Azulejos - Aveiro, Portugal


Azulejo

 
Azulejos da cidade 
numa parede ou num banco, 
são ladrilhos da saudade 
vestida de azul e branco.
Bocados da minha vida 
todos vidrados de mágoa, 
azulejos, despedida 
dos meus olhos, rasos de água.

À flor dum azulejo, uma menina; 
do outro, um cão que ladra e um pastor. 
Ai, moldura pequenina, 
que és a banda desenhada 
nas paredes do amor.

Azulejos desbotados 
por quanto viram chorar. 
Azulejos tão consados 
por quantos viram passar.

Podem dizer-vos que não, 
podem querer-vos maltratar: 
de dentro do coração 
ninguém vos pode arrancar.

À flor dum azulejo, um passarinho, 
um cravo e um cavalo de brincar; 
um coração com um espinho, 
uma flor de azevinho 
e uma cor azul luar.

À flor do azulejo, a cor do Tejo 
e um barco antigo, ainda por largar. 
Distância que já não vejo, 
e enche Lisboa de infância, 
e enche Lisboa de mar.






Azulejos


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O Azulejo Português - Parte 1/5

O Azulejo Português - Parte 2/5


O Azulejo Português - Parte 3/5


O Azulejo Português - Parte 4/5


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