Ben Goossens (Belgium, 1945-), Surrealist photographer
Pudesse eu
Pudesse eu não ter laços
nem limites
Ó vida de mil faces
transbordantes
Para poder responder
aos teus convites
Suspensos na surpresa
dos instantes!
Sophia de Mello Breyner Andreson
Pudesse eu
Pudesse eu não ter laços
nem limites
Ó vida de mil faces
transbordantes
Para poder responder
aos teus convites
Suspensos na surpresa
dos instantes!
Sophia de Mello Breyner Andreson
Imagem de Ben Goossens
Tudo serei
Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.
Hilda Hilst
Tudo serei
Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.
Hilda Hilst
Imagem de Ben Goossens
Venho do Sono
Venho do Sono,
desse fluído país
do pensamento visível,
dos endereços divinos,
dos nomes de amor,
das gloriosas ressurreições.
Venho do Sono.
Aí! distâncias profundas…
E olho-me ao espelho."
Cecília Meireles
Venho do Sono
Venho do Sono,
desse fluído país
do pensamento visível,
dos endereços divinos,
dos nomes de amor,
das gloriosas ressurreições.
Venho do Sono.
Aí! distâncias profundas…
E olho-me ao espelho."
Cecília Meireles
Imagem de Ben Goossens
Saudade
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Clarice Lispector, Jornal do Brasil, 1968
Imagem de Ben Goossens
Os Sonhos
Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se não é a cabeça dos homens o próprio e único céu.
José Saramago, in Memorial do Convento
Imagem de Ben Goossens
Semente
Se o traço da vida
tem destino a morte,
com a minha escrita
inverto a sentença.
Quando escrevo versos,
conto minha história
e brinco de ser deus
pois, omnipotente,
vou deixar na letra
bem traçada e lida
para sempre viva
a minha semente.
Débora Siqueira Bueno
Débora Siqueira Bueno, nascida em Belo Horizonte, MG; é médica, psiquiatra, poetisa.
Trabalhou na Universidade Estadual de Campinas por cerca de vinte anos, onde, dentre outras atividades, dedicou-se à implantação de um ambulatório público de psicoterapia psicanalítica, do qual foi supervisora. Atualmente exerce a clínica em seu consultório.
Participa da antologia Saciedade dos Poetas Vivos vol. 7, Intimidades.
O início da produção literária deu-se na maturidade, após um período no qual esteve doente. Surgiu como uma necessidade premente de escrever, caminho que se apresentou para a nomeação e elaboração de experiências, sensações, afetos e lembranças.
A poesia impôs-se como forma, para acolher a um transbordamento de significações diante de uma situação limite. "Creio que as experiências limítrofes nos convocam com muita força ao compromisso com o próprio destino. Daí a intenção de ampliar o espaço para a escrita em minha vida — o que implica fazer escolhas, promover mudanças e, principalmente, expor-me ao leitor".
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