sábado, 7 de abril de 2012

"Páscoa na aldeia" - Poema de Teixeira de Pascoaes


Monsanto - A aldeia mais portuguesa de Portugal (Fotografia de Anabela Magalhães)



Páscoa na aldeia


Minha aldeia na Páscoa... 
Infância, mês de Abril! 
Manhã primaveril! 
A velha igreja. 
Entre as árvores alveja, 
Alegre e rumorosa 
De povo, luzes, flores... 
E, na penumbra dos altares cor-de-rosa . 
Rasgados pelo sol os negros véus. 
Parece até sorrir a Virgem-Mãe das Dores. 
Ressurreição de Deus! (...) 
Em pleno azul, erguida 
Entre a verde folhagem das uveiras. 
Rebrilha a cruz de prata florescida... 
Na igreja antiga a rir seu branco riso de cal. 
Ébrias de cor, tremulam as bandeiras... 
Vede! Jesus lá vai, ao sol de Portugal! 
Ei-lo que entra contente nos casais; 
E, com amor, visita as rústicas choupanas. 
É ele, esse que trouxe aos míseros mortais 
As grandes alegrias sobre-humanas. 
Lá vai, lá vai, por íngremes caminhos! 
Linda manhã, canções de passarinhos! 
A campainha toca: Aleluia! Aleluia! (...) 
Velhos trabalhadores, por quem sofreu Jesus. 
E mães, acalentando os filhos no regaço. 
Esperam o COMPASSO... 
E, ajoelhando com séria devoção. 
Beijam os pés da Cruz.





“A única pessoa que muda de verdade a face do planeta é aquele que lavra modestamente o seu terreno.” 

(1888-1963)




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