segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Não há vagas" - Poema de Ferreira Gullar


 

Não há vagas 


O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas".
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço.

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
 



José Vital Branco Malhoa (Caldas da Rainha28 de Abril de 1855 – Figueiró dos Vinhos26 de Outubro de 1933) foi um pintordesenhista e professor português.
 
Com apenas 12 anos entrou para a escola de Belas Artes. Em todos os anos ganhou o primeiro prémio, devido às suas enormes faculdades e qualidade artísticas. 
 
Realizou inúmeras exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, designadamente em MadridParis e Rio de Janeiro. Foi pioneiro do Naturalismo em Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão
 
Destacou-se também por ser um dos pintores portugueses que mais se aproximou da corrente artística Impressionista. 
 
Foi o primeiro presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes e foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago. Em 1933, ano da sua morte, foi criado o Museu de José Malhoa nas Caldas da Rainha.

Algumas obras: 
O Ateliê do Artista (1893/4)
Os Bêbados (1907)
O Fado (1910)
Praia das Maçãs (1918)
Clara (1918)
Outono (1918)
Conversa com o Vizinho (1932)


Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha.


Estátua de José Malhoa, frente ao Museu.


O Museu de José Malhoa localiza-se no Parque D. Carlos I, na cidade de Caldas da RainhaDistrito de Leiria, em Portugal. O seu nome é uma homenagem ao pintor português José Malhoa. Este espaço foi inicialmente idealizado pelo escritor António Montês, com o objetivo de aproximar o pintor José Malhoa da sua terra natal, Caldas da Rainha. Em 1926, o artista ofereceu uma das suas obras, o óleo "Rainha D. Leonor", à cidade; no ano seguinte, institui-se a “Liga dos Amigos do Museu José Malhoa”, para o qual o artista iria doar mais obras em 1932. A 17 de Junho de 1933, um despacho ministerial confirma um parecer favorável do Conselho Superior de Belas Artes, autorizando a criação do “Museu José Malhoa”. O Museu seria, então, inaugurado a 28 de Abril de 1934, dia do aniversário de José Malhoa, que havia falecido a 26 de Outubro do ano anterior; o Museu foi, provisoriamente, instalado na “Casa dos Barcos”, no Parque D. Carlos I, um edifício cedido pelo Hospital Termal, abrindo anualmente ao público entre 28 de Abril e 26 de Outubro. O projeto definitivo, dos arquitetos Paulino Montês (1897-1962) e Eugénio Correia (1897-1985), é concluído em 1937. A 11 de Agosto de 1940, dá-se a inauguração do edifício, no âmbito dos festejos provinciais dos Centenários da Fundação e da Restauração de Portugal, sendo entregue, com todas as coleções, à Junta de Província da Estremadura; o nome da instituição foi, assim, alterado para "Museu Provincial de José Malhoa. Em 1960, a Junta de Província da Estremadura foi extinta, sendo a gestão do Museu passado a ser assegurada pela Direção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, divisão do Ministério da Educação Nacional; a instituição passa a designar-se "Museu de José Malhoa" .
O Museu reúne coleções de pinturaesculturamedalhísticadesenho e cerâmica dos séculos XIX e XX.
 
 
José Malhoa, A sesta, 1898, Museu Nacional de Belas Artes.


José Malhoa, Cócegas (detalhe), 1904, Museu Nacional de Belas Artes.


José Malhoa, As Padeiras, Mercado em Figueiró, 1898Coleção particular.


José Malhoa, Os Bêbados, 1907, Museu de José Malhoa.
 
 
José Malhoa, A Corar a Roupa, 1905, Museu Nacional de Belas Artes.


José Malhoa, Gozando os rendimentos, 1893, Museu Nacional de Belas Artes.
 

 

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