Silva Porto, Colheita – Ceifeiras, c. 1893
Liberdade
— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
in 'Diário XII'
Silva Porto, A Ceifa, 1884
Silva Porto, Pátio Rural
Silva Porto, Menina
Silva Porto, Pequena Fiandeira Napolitana
Silva Porto, Autorretrato, c. 1873
António da Silva Porto (Porto, 11 de Novembro de 1850 - Lisboa, 1 de junho de 1893 (42 anos)) foi um pintor português que mais tarde adotaria para apelido o nome da sua cidade natal, ficando conhecido por Silva Porto.
Estudou na Academia Portuense de Belas Artes, estagiou em Paris (1876-1877) e em Itália (1879). Em 1879 regressou a Portugal.
Aureolado de prestígio, foi convidado para ensinar na Academia de Lisboa como mestre de Paisagem. Em 1880 realiza uma exposição de quadros paisagísticos inundados de luz, tendo D. Fernando adquirido o quadro Charneca de Belas. Fez parte do chamado Grupo do Leão, juntamente com António Ramalho, João Vaz, José Malhoa, Cesário Verde, Columbano e Rafael Bordalo Pinheiro. Entre outros galardões, recebeu a medalha de ouro da Exposição Industrial Portuguesa de 1884 e a primeira medalha do Grémio Artístico.
A sua pintura, cheia de luz e cor, é sobretudo inspirada na própria Natureza. É tido como um dos fundadores do naturalismo em Portugal.
Encontra-se largamente representado no Museu do Chiado, em Lisboa, e no Museu Nacional de Soares dos Reis no Porto.
Existe uma rua em sua honra, com o seu nome, na freguesia de Paranhos, Porto e o Parque Silva Porto na freguesia de Benfica, Lisboa. (Daqui)
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