António Carneiro (Pintor, ilustrador, poeta e professor português, 1872 – 1930),
Praia da Figueira da Foz, 1921.
A Minha Terra
A minha terra, o meu ninho,
Saudoso berço natal,
É o mais belo cantinho
Das terras de Portugal.
O seu nome que se deve
Como uma prece rezar,
Nunca a minha mão o escreve
Sem que eu ouça a alma a cantar:
Figueira, linda Figueira,
Quem te deu encanto assim?
Foi a mesma feiticeira
Que ainda hoje me encanta a mim?
Foi a grande natureza?
Foram as ondas do mar,
Que o teu manto de princesa
Vão respeitosas beijar?
Foi o troveiro Mondego,
Cantando sempre a correr,
Que num murmuro sossego
Junto aos teus pés vai morrer?
Foi talvez moira encantada
Que pela terra ficou,
Dum velho conto de fada
Que a tua infância embalou.
Mas a beleza que encerra
A tua graça sem véu,
Não deve ser cá da terra,
Deve ser obra do céu.
Afonso Simões (1866–1947),
A Minha Terra
A minha terra, o meu ninho,
Saudoso berço natal,
É o mais belo cantinho
Das terras de Portugal.
O seu nome que se deve
Como uma prece rezar,
Nunca a minha mão o escreve
Sem que eu ouça a alma a cantar:
Figueira, linda Figueira,
Quem te deu encanto assim?
Foi a mesma feiticeira
Que ainda hoje me encanta a mim?
Foi a grande natureza?
Foram as ondas do mar,
Que o teu manto de princesa
Vão respeitosas beijar?
Foi o troveiro Mondego,
Cantando sempre a correr,
Que num murmuro sossego
Junto aos teus pés vai morrer?
Foi talvez moira encantada
Que pela terra ficou,
Dum velho conto de fada
Que a tua infância embalou.
Mas a beleza que encerra
A tua graça sem véu,
Não deve ser cá da terra,
Deve ser obra do céu.
Afonso Simões (1866–1947),
in 'No Limiar do Poente'
"Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não para, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio."
Guimarães Rosa (1908–1967), "A Terceira Margem do Rio"
"A Terceira Margem do Rio", ilustração por Luís Jardim e Guimarães Rosa em "Primeiras Estórias", 1962.
"A Terceira Margem do Rio" é o conto mais famoso e uma das obras mais influentes de Guimarães Rosa, publicado em seu livro "Primeiras Estórias", lançado em 1962.
Narrado em primeira pessoa pelo filho de um homem que decide abandonar a família e toda a sociedade para viver dentro de uma pequena canoa num imenso rio.
Guimarães Rosa dá um tom regionalista e universal ao conto, em estilo de prosa poética e oralidade específica, tratando de grandes dilemas da existência humana. "A Terceira Margem do Rio" é sempre posicionado como um dos melhores contos ou o melhor da literatura brasileira. (daqui)
Narrado em primeira pessoa pelo filho de um homem que decide abandonar a família e toda a sociedade para viver dentro de uma pequena canoa num imenso rio.
Guimarães Rosa dá um tom regionalista e universal ao conto, em estilo de prosa poética e oralidade específica, tratando de grandes dilemas da existência humana. "A Terceira Margem do Rio" é sempre posicionado como um dos melhores contos ou o melhor da literatura brasileira. (daqui)
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