Procuro a palavra palavra
Não é a palavra fácil
que procuro.
Nem a difícil sentença,
aquela da morte,
a da fértil e definitiva solitude.
A que antecede este caminho sempre de repente.
Onde me esgueiro, me soletro,
em fantasias de pássaro, homem, serpente.
Procuro a palavra fóssil.
A palavra antes da palavra.
Procuro a palavra palavra.
Esta que me antecede
e se antecede na aurora
e na origem do homem.
Procuro desenhos
dentro da palavra.
Sonoros desenhos, táteis,
cheiros, desencantos e sombras.
Esquecidos traços. Laços.
Escritos, encantos reescritos.
Na área dos atritos.
Não é a palavra fácil
que procuro.
Nem a difícil sentença,
aquela da morte,
a da fértil e definitiva solitude.
A que antecede este caminho sempre de repente.
Onde me esgueiro, me soletro,
em fantasias de pássaro, homem, serpente.
Procuro a palavra fóssil.
A palavra antes da palavra.
Procuro a palavra palavra.
Esta que me antecede
e se antecede na aurora
e na origem do homem.
Procuro desenhos
dentro da palavra.
Sonoros desenhos, táteis,
cheiros, desencantos e sombras.
Esquecidos traços. Laços.
Escritos, encantos reescritos.
Na área dos atritos.
Dos detritos.
Em ritos ardidos da carne
e ritmos do verbo.
Em becos metafísicos sem saída.
Sinais, vendavais, silêncios.
Na palavra enigmam restos, rastos de animais,
minerais da insensatez.
Distância, circunstâncias, soluços,
desterro.
Palavras são seda, aço.
Cinza onde faço poemas, me refaço.
Procuro na razão.
Mas que se revela arcaico, pungente,
eterno e para sempre vivo,
vem do buril do coração.
Lindolf Bell, in ‘Código das Águas’
1ª ed., São Paulo: Global editora, 1984.
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