Vincent van Gogh (Dutch Post-Impressionist painter, 1853–1890),
Olive Grove, Saint-Rémy, 1889, Gothenburg Museum of Art.
A agonia no jardim
A solidão avança como onda,
ausente
toda luz
Saísse eu deste quadro,
poderia tocar o tronco amargo,
os ramos mais esguios dessa oliveira,
libertar-me das mãos
Podia ainda, se quisesse,
inventar vento
aproveitando a chama que ele
ostenta
Devo ceder a quê?
À história que contaram
sobre mim?
Eles não sabem da história mais de dentro,
a que me fez chegar até aqui,
sabendo finalmente:
que dizer sim
era morrer por dentro
que dizer não
era afogar-me nessa longa chama,
numa Palavra –
em mim
ausente
toda luz
Saísse eu deste quadro,
poderia tocar o tronco amargo,
os ramos mais esguios dessa oliveira,
libertar-me das mãos
Podia ainda, se quisesse,
inventar vento
aproveitando a chama que ele
ostenta
Devo ceder a quê?
À história que contaram
sobre mim?
Eles não sabem da história mais de dentro,
a que me fez chegar até aqui,
sabendo finalmente:
que dizer sim
era morrer por dentro
que dizer não
era afogar-me nessa longa chama,
numa Palavra –
em mim
No mais recente livro de Ana Luísa Amaral, que conta com reproduções a cores de grandes obras de arte de todos os tempos, a poeta apresenta-nos um conjunto de poemas belos e terríveis, comoventes e violentos, em permanente diálogo com a Bíblia e com a arte, mas sobretudo com o nosso tempo.
A Leste do Paraíso
Antes ser tudo e livre
do que bom mas humilde
Assim pensara então
e agira
E o oriente lhe foi destinado:
terra de mil castigos
de difíceis colheitas; mais
suor
Só depois descobriu
que lá o sol nascia
e que podia falar das coisas
todas
Mas com quem?
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