quarta-feira, 4 de junho de 2025

"Meio-Dia" - Poema de Olavo Bilac



Pedro Weingärtner (Pintor, desenhista e gravurista brasileiro, 1853 –1929), 
Cena campestre, s. d. Coleção particular.
 

Meio-Dia


Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
Cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra;
Há recreio nas escolas:
Tira-se, numa algazarra,
A merenda das sacolas.

O lavrador pousa a enxada
No chão, descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contemplando o firmamento.

Nas casas ferve a panela
Sobre o fogão, nas cozinhas;
A mulher chega à janela,
Atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,
E brilha, em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu cor de turquesa...

E a voz do sino, ecoando
Longe, de atalho em atalho,
Vai pelos campos, cantando
A Vida, a Luz, o Trabalho! 


Olavo Bilac
, em 'Poesias infantis'.
RJ: Francisco Alves, 1929.

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