terça-feira, 24 de junho de 2025

"Junho" - Poema de Olavo Bilac

 


Alberto da Veiga Guignard (Pintor e professor brasileiro, 1896-1962), 
"Tarde de São João", 1959. Óleo sobre tela,  30 x 40 cm. 


Junho 
 

Coro de crianças:

Passem os meses desfilando!
Venha cada um por sua vez!
Dancemos todos, escutando
O que nos conta cada mês!

Junho:

Em chamas alvissareiras,
Ardem, crepitam fogueiras...
— E os balões de S. João
Vão luzir, entre as neblinas,
Como estrelas pequeninas,
Entre as outras, na amplidão.

Não há casinha modesta
Que não se atavie, em festa,
Nestas noites, a brilhar:
Não se recordam tristezas . . .
Estalam bichas chinesas,
Estouram foguetes no ar.

Fogos alegres, pistolas,
Bombas! ao som das violas,
Ardei! cantai! crepitai!
Num largo e claro sorriso.
Seja a terra um paraíso!
Folgai, crianças, folgai!

Coro de crianças:

Aí vem Julho, o mês do frio...
Vamos os corpos aquecer,
Acelerando o rodopio...
— Pode outro mês aparecer!


Olavo Bilac
, em Poesias infantis.
RJ: Francisco Alves. 1929.
 
 
 Óleo sobre tela, 61 x 46 cm. Museu de Arte da Pampulha


Quando vieste da festa


Quando vieste da festa,
Vinhas cansada e contente.
A minha pergunta é esta:
Foi da festa ou foi da gente?

s.d.

Fernando Pessoa, Quadras ao Gosto Popular.

(Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.)
Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973). - 61.
 

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