domingo, 22 de novembro de 2015

"Os Vendilhões do Templo" - Poema de António Aleixo


A ratificação do Tratado de Münster, 15 de maio de 1648 por Gerard ter Borch, 1648



Os Vendilhões do Templo


Deus disse: faz todo o bem 
Neste mundo, e, se puderes, 
Acode a toda a desgraça 
E não faças a ninguém 
Aquilo que tu não queres 
Que, por mal, alguém te faça. 

Fazer bem não é só dar 
Pão aos que dele carecem 
E à caridade o imploram, 
É também aliviar 
As mágoas dos que padecem, 
Dos que sofrem, dos que choram. 

E o mundo só pode ser 
Menos mau, menos atroz, 
Se conseguirmos fazer 
Mais p'los outros que por nós. 

Quem desmente, por exemplo, 
Tudo o que Cristo ensinou. 
São os vendilhões do templo 
Que do templo ele expulsou. 

E o povo nada conhece... 
Obedece ao seu vigário, 
Porque julga que obedece 
A Cristo — o bom doutrinário. 


in "Este Livro que Vos Deixo..."


 Bartholomeus van der Helst, Banquete da Guarda Cívica Amsterdã em celebração da Paz de Münster,
 pintado em 1648, exposto no Rijksmuseum.

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