As Máscaras
— O teu beijo é tão quente, Arlequim
— O teu sonho é tão manso, Pierrot
Pudesse eu repartir-me
encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo…
e a Pierrot a minha alma!
Quando tenho Arlequim,
quero Pierrot tristonho,
pois um dá-me o prazer,
o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra:
um me fala do céu… outro fala da terra!
Eu amo, porque amar é variar,
e em verdade, toda a razão do amor
está na variedade…
Penso que morreria o desejo da gente
se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente.
Porque a história do amor
só pode escrever-se assim:
um sonho de Pierrot…
e um beijo de Arlequim!
André Derain, 'Danse bachique', 1906
“O carnaval. A festa onde os tabus perdem força e as permissões tornam-se hiperbólicas.”
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