Um grande amor
Um grande amor não cabe em nenhum verso,
como a vida não cabe num jardim,
como não cabe Deus no Universo
nem o meu coração dentro de mim.
A noite é mais pequena do que o luar,
e é mais vasto o perfume do que a flor.
É a onda mais alta do que o mar.
Não cabe em nenhum verso um grande amor.
Dizer em verso aquilo que se pensa,
ideia de poeta, ideia louca.
Não é bastante a frase mais extensa,
diz mais o beijo do que diz a boca.
Ninguém deve contar o seu segredo.
Versos de amor, só se os fizer assim:
como os pássaros cantam no arvoredo,
como as flores se beijam no jardim.
Que verso incomparável, infinito,
feito de sol, de misterioso brilho,
poderia dizer o que, num grito,
diz a mulher quando lhe nasce um filho?
E quando sobre nós desce a tristeza,
como desce a penumbra sobre o dia,
uma lágrima triste e sem beleza,
diz mais do que a palavra nua e fria.
Redondilha de amor... Para fazê-la,
desse-me Deus a tinta do luar,
a candeia suspensa de uma estrela
e o tinteiro vastíssimo do mar."
como a vida não cabe num jardim,
como não cabe Deus no Universo
nem o meu coração dentro de mim.
A noite é mais pequena do que o luar,
e é mais vasto o perfume do que a flor.
É a onda mais alta do que o mar.
Não cabe em nenhum verso um grande amor.
Dizer em verso aquilo que se pensa,
ideia de poeta, ideia louca.
Não é bastante a frase mais extensa,
diz mais o beijo do que diz a boca.
Ninguém deve contar o seu segredo.
Versos de amor, só se os fizer assim:
como os pássaros cantam no arvoredo,
como as flores se beijam no jardim.
Que verso incomparável, infinito,
feito de sol, de misterioso brilho,
poderia dizer o que, num grito,
diz a mulher quando lhe nasce um filho?
E quando sobre nós desce a tristeza,
como desce a penumbra sobre o dia,
uma lágrima triste e sem beleza,
diz mais do que a palavra nua e fria.
Redondilha de amor... Para fazê-la,
desse-me Deus a tinta do luar,
a candeia suspensa de uma estrela
e o tinteiro vastíssimo do mar."
"Jardim" 1928
Julia Margaret Cameron, 1870, portrait by her son,
Henry Herschel Hay Cameron
Henry Herschel Hay Cameron
Fotógrafa inglesa, Julia Margaret Cameron nasceu a 11 de junho de 1815, em Calcutá, Índia, no seio de uma família aristocrata. Por influência da avó foi educada em França e Inglaterra. Regressou à Índia em 1834, com apenas 19 anos de idade, e em 1838 casou com um diplomata inglês, Charles Hays Cameron. Dez anos mais tarde regressou a Inglaterra, onde em 1863 começou a dedicar-se à fotografia, consagrando o seu trabalho ao retrato.
Contrariamente aos seus contemporâneos, Cameron nunca se dedicou à fotografia comercial. Este facto libertou-a das exigências de uma clientela preocupada com o apuro técnico da fotografia, permitindo-lhe assim investigar uma série de outros métodos: grandes aproximações, desfocagens resultantes de lentes mal corrigidas e, sobretudo, um método de impressão no qual era colocado um vidro entre o negativo de colódio e o papel emulsionado. Deste modo, obtinham-se retratos que adquiriam uma aura pelo efeito de flou.
Os pictorialistas, interessados na obra inovadora de J. M. Cameron, apresentaram as suas imagens no Camera Club de Londres (1890) e no Photo Club de Paris (1894).
A maior parte da obra de Cameron encontra-se preservada e arquivada na Royal Photo Society de Inglaterra.
A fotógrafa regressou à Índia em 1875 e faleceu em 1879 no Sri Lanka. (Daqui)
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