Thalia Flora-Karavia (Greek artist, 1871–1960), Landscape, s.d.
Aranha
À sombra dum cedro imenso
Eis-me a sentir e a pensar;
Mas o que sinto não penso
E o que penso está suspenso
Como uma aranha no ar
No ar balouça, fremente,
Num débil fio invisível
Dessa teia intermitente
Que liga o passado ingente
Ao presente irreversível.
Irreversível instante
O estar aqui na paisagem
Dentro dela e já distante
— Pois o que somos durante
É de nós próprios imagem.
Imagem que se desdobra
Sem que a vontade a detenha
No tempo que nunca sobra.
Viver?… Criar uma obra?…
Oh, o mistério da aranha!
Carlos Queirós Ribeiro (1907-1949),
À sombra dum cedro imenso
Eis-me a sentir e a pensar;
Mas o que sinto não penso
E o que penso está suspenso
Como uma aranha no ar
No ar balouça, fremente,
Num débil fio invisível
Dessa teia intermitente
Que liga o passado ingente
Ao presente irreversível.
Irreversível instante
O estar aqui na paisagem
Dentro dela e já distante
— Pois o que somos durante
É de nós próprios imagem.
Imagem que se desdobra
Sem que a vontade a detenha
No tempo que nunca sobra.
Viver?… Criar uma obra?…
Oh, o mistério da aranha!
Carlos Queirós Ribeiro (1907-1949),
in Colectânea de Versos Portugueses do séc. XII ao séc. XX,
org. de Cabral do Nascimento, Ed. Minerva, Lisboa, 1964.
Thalia Flora-Karavia, Trees, s.d.
"As árvores parecem indefesas, mas a sua ausência é o nosso castigo, o seu desaparecimento é o pior dos venenos."
Ana Miranda, na crónica "Réquiem para um bosque"
Ana Miranda, na crónica "Réquiem para um bosque"
"Quem fica na floresta um dia, quer escrever uma enciclopédia; quem passa 5 anos, fica em silêncio para perceber o quanto é profunda e complexa a Criação."
Sem comentários:
Enviar um comentário