quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

"Baloiço" - Poema de Alfredo Guisado


Pierre Auguste Cot (French painter, 1837 – 1883), Springtime, 1873,
Metropolitan Museum of Art, New York
.



Baloiço

 
Na minha quinta, em pequeno,
Tive um inquieto baloiço
Que ainda o vejo sereno
E nele os meus gritos oiço.

Longas horas baloiçava
Meu frágil corpo menino.
E ora subia ou baixava
Num constante desatino.

Nesse baloiço, à distância,
Chama por mim minha infância
E eu chamo p’lo que passou.

E sem haver quem me oiça
O baloiço me baloiça
Entre o que fui e o que sou.


Alfredo Guisado
(1891 - 1975)


 
Pierre Auguste Cot (French painter, 1837 – 1883), The Storm, 1880,
Metropolitan Museum of Art, New York.
 

"Aqueles que nós definimos como os nossos dias mais belos não são mais do que um brilhante relâmpago numa noite de tempestade". 
 
"Ce qu'on appelle nos beaux jours n'est qu'un éclair brillant dans une nuit d'orage."

Alphonse de Lamartine, Méditations poétiques - Página 61,
  A la Librairie grecque-latine-allemande, 1820, 156 páginas.
 
 

Sem comentários: