quarta-feira, 1 de abril de 2015

"Como as espigas" - Poema de Albano Martins


Ferdinand Hodler, Spring, 1901


Como as Espigas


Finalmente (embora
saibas que não há
nem fim nem princípio):
deves dizer ainda
que há uma rosa de espuma
no teu peito e que
o seu perfume
não se esgota. E que lá
também existe
uma fonte onde bebem
as flores silvestres. Mas não
humildes, como ias
chamar-lhes: altas
como as espigas
do vento, que no vento
se esquecem e que no vento
amadurecem.


Albano Martins
,
in Escrito a Vermelho

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