Crucificação
As Sextas-Feiras Santas nos relembram
aquela madrugada sombria em Jerusalém
quando um Jovem Imaculado foi vítima
da traição humana.
O vento brando, a lua inibida, o murmúrio das palmeira,
o gemidos das almas…
A sentença se aproximava.
Ela vinha sobre o dorso áspero
da fera – o homem!
A multidão que há poucos dias
o saudava delirantemente
com ramos e cânticos
agora implorava por sua morte.
Ali, sob seus castos pés,
centuriões imperiais
disputavam suas vestes em meio
a estrondoantes gargalhadas.
Ele bradava: “Eli, Eli, lame sabactani?”:
“Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?”
As púmbleas nuvens abalaram-se,
as rochas estremeceram…
Jesus deu o último suspiro relembrando
da água transformada em vinho,
do Lázaro ressuscitado,
da fé de Nicodemus,
da ira dos fariseus porque o Mestre
sentou-se à mesa com pecadores, réprobos
e cobradores de impostos.
Ele relembrou das conversações
que teve com os apóstolos,
da Madalena livre do apedrejamento
e perdoada…
Jesus já não se encontra na Cruz.
Ele está defronte do teu coração,
suplicando para entrar,
sentar à tua mesa e ceiar contigo
por toda eternidade.
Ivo Júnior, poeta
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