Raoul Dufy, Paris, 1934, óleo sobre tela, 156.5 x 196.2 cm (Post-Impressionism)
Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles, CA, USA
Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles, CA, USA
Nossa Senhora de Paris
Listas de som avançam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?...
Os braços de uma cruz
Anseiam-se-me, e eu fujo também ao luar...
Um cheiro a maresia
Vem-me refrescar,
Longínqua melodia
Toda saudosa a Mar...
Mirtos e tamarindos
Odoram a lonjura;
Resvalam sonhos lindos...
Mas o Oiro não perdura
E a noite cresce agora a desabar catedrais...
Fico sepulto sob círios –
Escureço-me em delírios
Mas ressurjo de Ideais...
– Os meus sentidos a escoarem-se...
Altares e velas...
Orgulho… Estrelas…
Vitrais! Vitrais!
Flores de liz…
Manchas de cor a ogivarem-se…
As grandes naves a sagrarem-se…
– Nossa Senhora de Paris!…
Paris, 15 de junho de 1913
Listas de som avançam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?...
Os braços de uma cruz
Anseiam-se-me, e eu fujo também ao luar...
Um cheiro a maresia
Vem-me refrescar,
Longínqua melodia
Toda saudosa a Mar...
Mirtos e tamarindos
Odoram a lonjura;
Resvalam sonhos lindos...
Mas o Oiro não perdura
E a noite cresce agora a desabar catedrais...
Fico sepulto sob círios –
Escureço-me em delírios
Mas ressurjo de Ideais...
– Os meus sentidos a escoarem-se...
Altares e velas...
Orgulho… Estrelas…
Vitrais! Vitrais!
Flores de liz…
Manchas de cor a ogivarem-se…
As grandes naves a sagrarem-se…
– Nossa Senhora de Paris!…
Paris, 15 de junho de 1913
Mário de Sá-Carneiro, do livro "Indícios de Oiro", in Orpheu
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