,%20Kirschen%20f%C3%BCr%20die%20Kinder.jpg)
Adolf Humborg (Austrian painter, 1847–1921), Kirschen für die Kinder
(Cerejas para as crianças), c. 1921.
Comendo uma cereja
Como uma cereja e,
Comendo a cereja, o meu corpo
Pede as cerejas todas do mundo,
Mas não posso comer as cerejas todas do mundo,
Pois faltam-me as cerejas que comeram
Sócrates, Hipasos de Metaponto
E os velhos camponeses da Gália,
Ou até os escravos de Roma.
Assim, como uma cereja
E deixo o gosto de a comer
Ficar em mim pelo gosto
De todas as cerejas que possa haver.
Uma cereja como todas as cerejas,
Uma cereja por todas as cerejas.
Manuel Resende, in 'Poesia reunida'

Manuel Resende, Poesia reunida,
Posfácio de Osvaldo M. Silvestre,
Edições Cotovia, Lda., Abril de 2018.
SINOPSE
Manuel Resende (Jornalista, poeta e tradutor português, 1948 - 2020) dedicou grande parte da sua vida à poesia, quer como autor, quer como tradutor. Não desesperou de que a poesia, escrita, dita ou vivida, possa um dia ritmar o viver, num mundo em que o livre desenvolvimento de cada um seja condição do livre desenvolvimento de todos.
Aqui se reúnem os seus poemas publicados, bem como alguns inéditos, '70 anos após o seu nascimento, 50 anos após o Maio de 68'.
Inclui os livros «Natureza morta com desodorizante» (Gota d'Água/INCM, 1983), «Em qualquer lugar» (&Etc, 1998), «O mundo clamoroso, ainda» (Angelus Novus, 2004) e «Poemas de Mika Ahtisaari».
Aqui se reúnem os seus poemas publicados, bem como alguns inéditos, '70 anos após o seu nascimento, 50 anos após o Maio de 68'.
Inclui os livros «Natureza morta com desodorizante» (Gota d'Água/INCM, 1983), «Em qualquer lugar» (&Etc, 1998), «O mundo clamoroso, ainda» (Angelus Novus, 2004) e «Poemas de Mika Ahtisaari».
Sem comentários:
Enviar um comentário