domingo, 6 de julho de 2025

"Dois anos depois, o peso do mundo" - Poema de José Manuel Barroso

 
Mota Urgeiro (Pintor português, n. 1946), Farol de Santa Marta - Cascais, s.d.
Óleo sobre contraplacado
 
 
Dois anos depois, o peso do mundo


Não é apenas aos sábados e domingos 
que sinto o peso do mundo nos pulmões 
às segundas feiras ainda respiro o ar 
que sobrou do fim de semana

seria muito menos pesado 
ter um arco íris nos olhos 
ou andar sonhando memórias 
pelas ruas da cidade ou atiçar um forno 
com pão quente ao meio dia

mas reparo que o céu anda veloz 
sobre a minha cabeça. Preciso dos poetas 
antes que despontem os ciprestes 
nas janelas dos gritos aprisionados. 


José Manuel Barroso


José Manuel Barroso (daqui)

José Manuel Barroso
nasceu em 1943, na vila das Lajes do Pico, Açores. Destacou-se como jornalista, sobretudo nas áreas de política e história, tendo trabalhado em diversos jornais: República, Jornal Novo, Diário de Lisboa, Diário de Notícias, O Primeiro de Janeiro, Comércio do Funchal e O Jornal. Foi diretor de O Primeiro de Janeiro e no Diário de Notícias foi editor executivo/ Porto, grande repórter, editor e diretor interino.
Dirigiu as agências noticiosas ANOP, NP e Lusa (da qual foi também presidente). Ganhou o Grande Prémio de Jornalismo do Clube Português de Imprensa. Serviu na Guiné, como capitão miliciano, tendo sido assessor de comunicação do general António de Spínola. Foi membro do Movimento das Forças Armadas (MFA) e publicou um livro sobre a Revolução de 1974, «Segredos de Abril». Foi condecorado pelo Presidente da República, em 2021, com o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade. Escreve poesia desde abril de 2020, tendo publicado no final de 2022 um volume de poemas, «Se Ficares Conto-te o meu Sonho» (com edição Humus). Participou nos festivais de literatura do Douro, de Ovar e de Avis. Em 2024 ganhou o Prémio de Conto da Aveiro Capital Portuguesa da Cultura. (daqui)
 

 
Mota Urgeiro, Baía de Cascais, s.d.

 
"Jornalista é peixinho de aquário: colorido e faz gracinhas. O escritor é o peixe de mar profundo. O sol não entra, mas ele tem o oceano todo."

Carlos Heitor Cony 
 Fonte: Revista ISTO É. Edição n. 1786.











Sem comentários: