William Bruce Ellis Ranken (British artist and Edwardian aesthete, 1881-1941),
Young Man Sketching, 1920s.
Companheiros
quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho
e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me às vezes viver
Young Man Sketching, 1920s.
Companheiros
quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho
e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me às vezes viver
hei de inventar
um verso que vos faça justiça
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço
Mia Couto,
in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
"Raiz de Orvalho e Outros Poemas" de Mia Couto
Editorial Caminho, 2014
Editorial Caminho, 2014
SINOPSE
Mia Couto habituou o leitor à sua escrita aglutinada, justaposta, criadora e inovadora, musical, intensa, profundamente meiga e crua, poética.
Dialoga com o leitor com a maior das intimidades, numa quase perfeita sintonia. Raiz de Orvalho e Outros Poemas é uma recolha de poemas com datas diversas, com um conjunto de novos poemas (todos da década de 80) e seleção de outros que faziam parte da edição moçambicana, publicada em Maputo, em 1983, com o título Raiz de Orvalho. Segundo o próprio autor, alguns não resistiram ao tempo, noutros ele próprio não se reconhece já. Mas todos estes versos fazem parte do seu percurso. E daqui ele partiu a desvendar outros terrenos. Terrenos que afortunadamente hoje podemos conhecer. (daqui)
Mia Couto habituou o leitor à sua escrita aglutinada, justaposta, criadora e inovadora, musical, intensa, profundamente meiga e crua, poética.
Dialoga com o leitor com a maior das intimidades, numa quase perfeita sintonia. Raiz de Orvalho e Outros Poemas é uma recolha de poemas com datas diversas, com um conjunto de novos poemas (todos da década de 80) e seleção de outros que faziam parte da edição moçambicana, publicada em Maputo, em 1983, com o título Raiz de Orvalho. Segundo o próprio autor, alguns não resistiram ao tempo, noutros ele próprio não se reconhece já. Mas todos estes versos fazem parte do seu percurso. E daqui ele partiu a desvendar outros terrenos. Terrenos que afortunadamente hoje podemos conhecer. (daqui)
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