quarta-feira, 9 de julho de 2025

"Tanto júbilo! Tanto!" - Poema de Emily Dickinson

 

 
Edward Cucuel (American-born painter who lived and worked in Germany, 1875–1954),
"Summer regatta", oil on canvas.



 Tanto júbilo! Tanto!
 

Tanto júbilo! Tanto!
Se eu errar, que pobreza!
Pobres como eu, no entanto,
Tudo arriscaram num só Lance!
Ganharam! Sim! Temendo embora —
Deste lado a Vitória!

Vida é só Vida! E Morte, Morte!
Ar é Ar, e Alegria, Alegria!
E se eu falhar, enfim,
É doce ao menos conhecer o ruim!
Perder não é mais que Perder,
Não há mais fim que o Fim!

Mas se eu ganhar! Canhões no Mar!
Sinos nas Torres, pelo ar
Ressoem lentamente!
O Céu é muito diferente
Quando sonhado; terra firme —
Poderá extinguir-me!

(c. 1860)

Emily Dickinson (1830-1886), in "Não sou ninguém"
Trad. de Augusto de Campos. 
Campinas: Unicamp, 2009.
 
 

Edward CucuelThe Gateway to America (From Governor's Island), c. 1928.


Viver

 
Viver! Eu sei que a alma chora
E a vida é só dor ingrata,
Pranto, que a não alivia,
Olhos, que o estão a verter...
Sofra o coração, embora!
Sofra! Mas viva! Mas bata 

Cheio, ao menos, da alegria
De viver, de viver!


Raimundo Correia
,
Citado em Discurso de receção para Osvaldo Cruz por Afrânio Peixoto
 

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