domingo, 11 de março de 2012

"Os gemidos da árvore" - Poema de Gomes Leal


Claude Monet, Plump trees in blossom (Pruniers en fleur), 1879, Hungarian National Gallery.  
 


Os gemidos da árvore 


A árvore, em pé, no meio das planuras, 
cheia de riso e flor, verduras, passarinhos,
- Ela é o guarda-sol dos frutos e dos ninhos. 
- É o teto nupcial das conversadas puras. 

O humilde cavador que foiça as ervas duras
dos broncos matagais e escalrachos maninhos,
sob ela faz o seu leito, ao cruzar os caminhos,
torrado da soalheira ou nas sombras escuras. 

Contudo, o Homem ingrato esquece a árvore amiga
e prefere a cidade e a balbúrdia inimiga,
onde a alma corrompe em orgias triviais. 

Mas a árvore lá fica, a espreitar nas ramadas
como a mãe lacrimosa, a olhar sempre as estradas
- a ver se o filho volta à cabana dos pais!




Claude Monet, Bridge over a Pond of Water Lilies, 1899, National Gallery, London.


"Um caráter bom, moderado e brando pode sentir-se satisfeito em circunstâncias adversas; enquanto que um caráter cobiçoso, invejoso e mau não se contenta nem mesmo no meio de todas as riquezas." 
 


Eric Clapton - Change the world


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