quarta-feira, 28 de março de 2012

"A borboleta" - Poema de Olavo Bilac



 
A borboleta 


Trazendo uma borboleta, 
Volta Alfredo para casa. 
Como é linda! É toda preta, 
Com listas douradas na asa. 

Tonta, nas mãos da criança, 
Batendo as asas, num susto, 
Quer fugir, porfia, cansa, 
E treme, e respira a custo. 

Contente, o menino grita: 
“É a primeira que apanho, 
Mamãe vê como é bonita! 
Que cores e que tamanho! 

Como voava no mato! 
Vou sem demora pregá-la 
Por baixo do meu retrato, 
Numa parede da sala”. 

Mas a mamãe, com carinho, 
Lhe diz: “Que mal te fazia, 
“Meu filho, esse animalzinho, 
Que livre e alegre vivia? 

Solta essa pobre coitada! 
Larga-lhe as asas, Alfredo! 
Vê como treme assustada… 
Vê como treme de medo… 

Para sem pena espetá-la 
Numa parede, menino, 
É necessário matá-la: 
Queres ser um assassino?” 

Pensa Alfredo… E, de repente, 
Solta a borboleta… E ela 
Abre as asas livremente, 
E foge pela janela. 

“Assim, meu filho! Perdeste 
A borboleta dourada, 
Porém na estima cresceste 
De tua mãe adorada… 

Que cada um cumpra a sorte 
Das mãos de Deus recebida: 
Pois só pode dar a Morte 
Aquele que dá a Vida.” 


Olavo Bilac, in Poesias Infantis  


Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas Brasileiros – Jornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos. Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo. Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudónimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Sem sombra de dúvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro. 
Obras: Poesias (1888), Crónicas e novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências literárias (1906), Dicionário de rimas (1913), Tratado de versificação (1910), Ironia e piedade, crónicas (1916), Tarde (1919); Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas.



Borboletas
 
 
Borboleta


O nome tem origem grega e refere-se à existência de escamas sobrepostas nas asas.
As borboletas são
insetos lepidópteros. Possuem dois pares de grandes asas, geralmente muito coloridas. No seu desenvolvimento passam por metamorfoses e a larva é uma lagarta. As adultas alimentam-se do néctar das flores e as lagartas alimentam-se em geral de plantas podendo originar pragas graves. (daqui)
 
 


















(Todas as imagens foram retiradas da internet)


“Borboleta é pétala que voa.”
 
 

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