René Magritte (Belgian surrealist artist, 1898–1967),
Homesickness (Le mal du pays), 1940
O Homem congrega todas as espécies de animais
«Há tão diversas espécies de homens como há diversas espécies de animais, e os homens são, em relação aos outros homens, o que as diferentes espécies de animais são entre si e em relação umas às outras. Quantos homens não vivem do sangue e da vida dos inocentes, uns como tigres, sempre ferozes e sempre cruéis, outros como leões, mantendo alguma aparência de generosidade, outros como ursos grosseiros e ávidos, outros como lobos arrebatadores e impiedosos, outros ainda como raposas, que vivem de habilidades e cujo ofício é enganar!
Quantos homens não se parecem com os cães! Destroem a sua espécie; caçam para o prazer de quem os alimenta; uns andam sempre atrás do dono; outros guardam-lhes a casa. Há lebréus de trela que vivem do seu mérito, que se destinam à guerra e possuem uma coragem cheia de nobreza, mas há também dogues irascíveis, cuja única qualidade é a fúria; há cães mais ou menos inúteis, que ladram frequentemente e por vezes mordem, e há até cães de jardineiro. Há macacos e macacas que agradam pelas suas maneiras, que têm espírito e que fazem sempre mal. Há pavões que só têm beleza, que desagradam pelo seu canto e que destroem os lugares que habitam. Há pássaros que não se recomendam senão pela sua plumagem ou pelas suas cores. Quantos papagaios falam sem cessar, sem nunca compreender o que dizem; quantas pegas e gralhas são domesticadas para roubar; quantas aves predadoras vivem da rapina; quantas espécies de animais agradáveis e tranquilas servem apenas para alimentar outros animais!
Há gatos, sempre à espreita, maliciosos e infiéis, que deslizam com patas de veludo; há víboras de língua venenosa, sendo o resto útil; há aranhas, moscas, percevejos e pulgas, que são sempre incómodos e insuportáveis; há sapos, que nos horrorizam e que têm peçonha; há mochos, que temem a luz. Quantos animais não vivem sob a terra para se manter! Quantos cavalos, que utilizamos para tantos fins, não abandonamos quando já não servem mais; quantos bois não trabalham uma vida inteira para enriquecer aqueles que lhes impõem o jugo: as cigarras, que passam a vida a cantar; as lebres, que têm medo de tudo; coelhos, que se espantam e acalmam num instante; porcos, que vivem na crápula e na imundície; patos mansos, que atraiçoam os seus congéneres, atraindo-os a armadilhas, corvos e abutres, que vivem apenas de podridão e de cadáveres! Quantas aves migratórias não voam tantas vezes de um extremo ao outro do mundo e se expõem a tantos perigos para sobreviver! Quantas andorinhas, sempre atrás do bom tempo; quantos escaravelhos, inadvertidos e sem objectivo; quantas borboletas à procura do logo que as queima! Quantas abelhas, que respeitam o seu chefe e vivem com tanta ordem e trabalho! Quantos zangãos, vagabundos e mandriões, não procuram estabelecer-se à custa das abelhas! Quantas formigas, cuja previdência e economia provêem a todas as suas necessidades! Quantos crocodilos fingem queixar-se para melhor devorar aqueles que são sensíveis às suas queixas! E quantos animais se submetem porque ignoram a sua força!
Todas estas qualidades se encontram no homem e ele procede, em relação aos outros homens, como os animais de que acabamos de falar procedem entre si.»
François de La Rochefoucauld, in 'Reflexões'
François de La Rochefoucauld
François, Duque de La Rochefoucauld (Paris, 15 de setembro de 1613 – Paris, 17 de março de 1680) foi um moralista francês, François 6º, príncipe de Marcillac e, mais tarde, duque de La Rochefoucauld, nasceu em Paris a 15 de setembro de 1613 e morreu na mesma cidade na noite de 16 para 17 de março de 1680.
Aristocrata, foi destinado à carreira militar, tendo participado da campanha da Itália em 1629. Envolvendo-se em intrigas contra o cardeal Richelieu, em favor da rainha Ana da Áustria, foi preso e exilado em Verteuil, no ano de 1631. Depois da morte de Richelieu, voltou a conspirar contra a corte, tendo participado ativamente da Fronda, a guerra civil que agitou a França entre 1648 e 1653.
Em 1652, gravemente ferido nos olhos, encerrou sua carreira de soldado e conspirador. Passou em Paris os últimos anos de sua vida, destacando-se nos salões literários, especialmente no de Madame de Sablé.
La Rochefoucauld foi um dos introdutores, e certamente o maior cultor do género de máximas e epigramas, divertimento social que ele transformou em género literário, escrevendo textos de profundo pessimismo. Seu mais famoso livro, "Reflexões ou sentenças e máximas morais", apareceu pela primeira vez em 1664.
Até a quinta edição do livro, La Rochefoucauld foi condensando suas máximas, ao mesmo tempo em que abrandava o tom, restringindo o seu amargor. Espírito cáustico, amargurado, ele atribui ao amor-próprio um papel preponderante na motivação das ações humanas. Todas as qualidades da nobreza – as falsas virtudes — têm a movê-las o egoísmo e a hipocrisia, atributos inerentes a todos os homens.
Segundo La Rochefoucauld, a necessidade de estima e de admiração está por trás de toda manifestação de bondade, sinceridade, gratidão. Ele é um pessimista desencantado com o género humano.
Além das "Reflexões", La Rochefoucauld escreveu sua autobiografia, "Memórias de MDLR sobre as intrigas com a morte de Luís XIII, as guerras de Paris e da Guiana e a prisão dos príncipes", que engloba o período entre 1624 e 1632, e que de uma certa maneira serve de base para as conclusões desenvolvidas nas "Reflexões".
Sua obra influenciou profundamente dois outros filósofos: Friedrich Nietzsche e Émile Michel Cioran.
François, Duque de La Rochefoucauld (Paris, 15 de setembro de 1613 – Paris, 17 de março de 1680) foi um moralista francês, François 6º, príncipe de Marcillac e, mais tarde, duque de La Rochefoucauld, nasceu em Paris a 15 de setembro de 1613 e morreu na mesma cidade na noite de 16 para 17 de março de 1680.
Aristocrata, foi destinado à carreira militar, tendo participado da campanha da Itália em 1629. Envolvendo-se em intrigas contra o cardeal Richelieu, em favor da rainha Ana da Áustria, foi preso e exilado em Verteuil, no ano de 1631. Depois da morte de Richelieu, voltou a conspirar contra a corte, tendo participado ativamente da Fronda, a guerra civil que agitou a França entre 1648 e 1653.
Em 1652, gravemente ferido nos olhos, encerrou sua carreira de soldado e conspirador. Passou em Paris os últimos anos de sua vida, destacando-se nos salões literários, especialmente no de Madame de Sablé.
La Rochefoucauld foi um dos introdutores, e certamente o maior cultor do género de máximas e epigramas, divertimento social que ele transformou em género literário, escrevendo textos de profundo pessimismo. Seu mais famoso livro, "Reflexões ou sentenças e máximas morais", apareceu pela primeira vez em 1664.
Até a quinta edição do livro, La Rochefoucauld foi condensando suas máximas, ao mesmo tempo em que abrandava o tom, restringindo o seu amargor. Espírito cáustico, amargurado, ele atribui ao amor-próprio um papel preponderante na motivação das ações humanas. Todas as qualidades da nobreza – as falsas virtudes — têm a movê-las o egoísmo e a hipocrisia, atributos inerentes a todos os homens.
Segundo La Rochefoucauld, a necessidade de estima e de admiração está por trás de toda manifestação de bondade, sinceridade, gratidão. Ele é um pessimista desencantado com o género humano.
Além das "Reflexões", La Rochefoucauld escreveu sua autobiografia, "Memórias de MDLR sobre as intrigas com a morte de Luís XIII, as guerras de Paris e da Guiana e a prisão dos príncipes", que engloba o período entre 1624 e 1632, e que de uma certa maneira serve de base para as conclusões desenvolvidas nas "Reflexões".
Sua obra influenciou profundamente dois outros filósofos: Friedrich Nietzsche e Émile Michel Cioran.
Intermedio - La boda de Luís Alonso - Gerónimo Gimenez
Lucero Tena
A Orquestra
Vozes para a Paz (Músicos Solidários), fundada em 1998 por Juan Carlos Arnanz Villalta, como uma associação independente de ajuda humanitária e sem fins lucrativos, é composta por mais de 300 músicos profissionais, que pertencem a importantes orquestras (Orquestra e Coro Nacional de Espanha, Orquestra e Coro da RTVE, Orquestra e Coro da Sinfônica de Madri, Orquestra e Coro da Comunidade de Madri, Banda Sinfônica Municipal de Madri, Coro do Teatro Nacional da Zarzuela, etc) e várias pessoas vinculadas ao mundo da música.
Eles têm como objetivo apresentar concertos de solidariedade, arrecadando fundos e conseguindo apoios para projetos que auxiliem e protejam os mais necessitados. Para “Vozes para a Paz”, música, amor e justiça são a mesma coisa.
O Concerto
Em 10 de junho de 2007, sob a batuta do maestro D. Enrique Garcia Asensio, no Auditório Nacional de Música de Madrid, a orquestra se apresentou para um concerto solidário com a finalidade de adquirir uma Unidade Móvel Sanitária, que atendesse a necessidades de 3.600 pessoas que se encontram espalhadas em pequenos povoados entre as montanhas andinas de Huancavelica (Peru). A música apresentada foi La Boda de Luis Alonso, composta por Gerónimo Gimenez.
A Solista
Lucero Tena by Juan Gyenes, 1965
Lucero Tena é uma bailarina de flamenco de origem mexicana, que reside na Espanha desde 1958. Integrou a companhia de Carmen Amaya e posteriormente criou seu próprio grupo de dança flamenca. Além de excepcional bailarina, é também uma extraordinária executante de castanholas na interpretação de obras clássicas.
É professora daquele instrumento no Conservatório de Madrid.
A arte de tocar castanholas de Lucero Tena é bastante notável. É sabido que o instrumento tem uma longa história e é derivado do “crotales” do mundo antigo. Chegou a ter um lugar especial na dança espanhola popular e clássica. Alguns dançarinos se destacaram por sua habilidade em tocar as castanholas, mas nenhum deles tornou esta arte em si, um meio de expressão estética. Lucero Tena se destaca por isso e por demonstrar sensibilidade rítmica, equilíbrio das variadas sonoridades possíveis, e domínio original do instrumento.
Vários músicos já compuseram para essa grande artista, incluindo Joaquín Rodrigo, que em 1966 compôs e dedicou a ela duas danças espanholas. No decorrer de uma distinta carreira Lucero Tena tem aparecido em salas de concertos em todo o mundo. Ela também se apresenta em recitais com acompanhamento de violão ou piano.
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