sábado, 9 de junho de 2012

"Fim da Tormenta" - Poema de Guerra Junqueiro


Martin Johnson Heade, Florida River Scene: Early Evening, After Sunset, c. 1887-1900



Fim da Tormenta 


Parou a ventania. 
As estrelas dormentes, fatigadas, 
Cerram à luz do dia 
As misteriosas pálpebras doiradas. 
Vai despontando o rosicler da aurora; 
O azul sereno e vasto 
Empalidece e cora, 
Como se Deus lhe desse 
Um brando beijo luminoso e casto. 

A estrela da manhã 
Na altura resplandece; 
E a cotovia, a sua linda irmã, 
Vai pelo azul um cântico vibrando, 
Tão límpido, tão alto, que parece 
Que é a estrela no céu que está cantando.




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