Por causa de um livro
vieste ao meu encontro.
Era Verão, não sabias de nada
nem isso interessava. Palavras
amavam-se fora de ti,
no atropelo das emoções.
Lá chegaria a primeira vez,
o encontro apressado num lugar
público. Desfeito o erro
ao toque da pele, não sei
se havia medo, a paixão queria-me
no lugar exacto do teu coração.
Palavras enrolam-se na sombra
da vida a dor do sentimento.
Atingido o espírito, o tempo
da infância, a realidade. Em ti
a solidão que o prazer
não mata. Quero a beleza
dos versos revelada.
Alguns anos passaram sobre
a nossa história que não acabou.
A tarde envelhece e escrevo isto
sem saber porquê.
Isabel de Sá,
in “Erosão de Sentimentos”
Isabel de Sá
Nasceu em Esmoriz a 8 de Setembro de 1951.
Escritora/Artista plástica
Isabel de Sá, série árvores
"Eu nem sequer gosto de escrever. Acontece-me às vezes estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar. E o mais estranho é arrancar da minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida."
(Eugénio de Andrade)
Isabel de Sá, série árvores
"O poeta é incapaz de conter um segredo, acaba sempre por dizer no poema aquilo que queria guardar só para si."
(Eugénio de Andrade)
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