quarta-feira, 3 de abril de 2013

"O Meu Soneto" - Poema de Florbela Espanca


Pierre Bonnard, Interior with a Woman in a Wicker Chair, 1920



O Meu Soneto


Em atitudes e em ritmos fleumáticos, 
Erguendo as mãos em gestos recolhidos, 
Todos brocados fúlgidos, hieráticos, 
Em ti andam bailando os meus sentidos... 

E os meus olhos serenos, enigmáticos 
Meninos que na estrada andam perdidos, 
Dolorosos, tristíssimos, extáticos, 
São letras de poemas nunca lidos... 

As magnólias abertas dos meus dedos 
São mistérios, são filtros, são enredos 
Que pecados d´amor trazem de rastros... 

E a minha boca, a rútila manhã, 
Na Via Láctea, lírica, pagã, 
A rir desfolha as pétalas dos astros!..


in "A Mensageira das Violetas"


Pierre Bonnard, Woman in front of a mirror, 1909


Pierre Bonnard, Hambourg, Picnic, 1908-12


Pierre Bonnard, Girl with Parrot, 1910


Pierre Bonnard, La Place Clichy, 1912


Pierre Bonnard, Woman with Cat, 1912


Maria Callas - "Mon coeur s'ouvre a ta voix"


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