James Jebusa Shannon, White Lilies
Saudade
Tal como és, assim te quero, e sempre
diverso cada dia do que foste;
cada imperfeito gesto que inventares
me fará desejar-te em outro verso.
Da arte do soneto feito mestre
no concurso sem regra da floresta,
na mais pequena folha te descubro
e no caule do vento é que te perco.
Da turva luz já retirei o emblema
que me sirva de rosto permanente
e venha o cabeçalho do poema;
e pedirei à noite que me empreste
um farrapo do manto incandescente
de que se veste, agora, para ter-te.
António Franco Alexandre
[António Franco Alexandre (Viseu, 1944) é um matemático, filósofo e poeta português.]
James Jabusa Shannon, Springtime, 1896
"O amor é de todas as paixões a mais forte, pois ataca simultaneamente
James Jabusa Shannon, Reverie
"Quem ama extremamente, deixa de viver em si e vive no que ama."
(Platão)
Self-portrait of James Jebusa Shannon (American Painter, 1862-1923)
2 comentários:
Olá!
Queria perguntar se este poema é mesmo de António Franco Alexandre? Não consigo encontrar em que livro o mesmo se encontra... Se souber dizer-me a obra!
Obrigada!
Olá! Boa Noite!
O Poema em questão faz parte do livro "Duende" (Assírio & Alvim, 2002).
Obrigada pela visita ao blog.
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