Rafael Zabaleta (1907-1960, pintor espanhol), Interior, 1957
Compasso para elegia
Não me venham dizer que há remédio:
nada substitui a presença das coisas,
a presença material das coisas.
Os dias da morte
gravitam no escuro,
enquanto acendo fósforos de sombra
à tua procura nas gavetas,
nos armários, nas cabines,
em todos os lugares
onde fatalmente
tu não estás.
Nenhum prodígio pode reconstituir
a tua voz, o sorriso interior da tua boca,
voz humana, acesa no peito,
cujas palavras eram como labaredas.
Só o silêncio comemora o facto
de teres vivido como o álcool,
possuindo possuída,
com as artérias cheias de vinho doce
- corpo de vaso e sangue de licor.
In Coração de Bússola, 1967
Galeria de Rafael Zabaleta Fuentes
Rafael Zabaleta, Noche de estío, 1948
Rafael Zabaleta, Maternidad, 1952
Rafael Zabaleta, Peasants, 1952
Rafael Zabaleta, Painters and Model, 1954
Rafael Zabaleta, Los buitres, 1954
Rafael Zabaleta, Nocturno del desnudo, 1954
Rafael Zabaleta, Nocturno de las mujeres, 1955
Rafael Zabaleta, La recolección, 1956
Rafael Zabaleta, El mulero, 1956
Rafael Zabaleta, Campesino, 1957
Rafael Zabaleta, Carniceria, 1957
Rafael Zabaleta, Nocturno del jardín, 1957
Rafael Zabaleta, Aceituneras, 1957
Rafael Zabaleta, Las dos mujeres, 1958
Rafael Zabaleta, The Satyr, 1958
Rafael Zabaleta, Nocturno, 1958
Rafael Zabaleta, Interior y paisaje, 1959
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