O corvo e a raposa
É fama que estava o corvo
Sobre uma árvore pousado
E que no sôfrego bico
Tinha um queijo atravessado.
Pelo faro, àquele sítio
Veio a raposa matreira,
A qual, pouco mais ou menos,
Lhe falou desta maneira:
- Bons dias, meu lindo corvo;
És glória desta espessura;
És outra fénix, se acaso
Tens a voz como a figura.
A tais palavras, o corvo,
Com louca, estranha afouteza,
Por mostrar que é bom solista
Abre o bico e solta a presa.
Lança-lhe a mestra o gadanho
E diz: - Meu amigo, aprende
Como vive o lisonjeiro
À custa de quem o atende.
Esta lição vale um queijo;
Tem destas para teu uso.
Rosna então consigo o corvo
Envergonhado e confuso:
- Velhaca, deixou-me em branco;
Fui tolo em fiar-me dela;
Mas este logro me livra
De cair noutra esparrela.
Kathy Fincher (A painter of Children)
"Uma criança... Sempre pode ensinar três coisas a um adulto: A ficar contente sem motivo! A estar sempre ocupada com alguma coisa e a saber exigir com toda força, aquilo que deseja!"
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