sábado, 24 de setembro de 2011

"Nem Sempre sou Igual" - Poema de Alberto Caeiro


Felix Nussbaum, Tríade, 1944
 


Nem sempre sou igual no que digo e escrevo

 
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cores da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés –
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...


Alberto Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema XXIX”
Heterónimo de Fernando Pessoa.


Genesis - In Too Deep


"Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa; não te alies aos moralmente inferiores; não receies corrigir teus erros." - Confúcio


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