sexta-feira, 8 de setembro de 2017

"Caminho" - Poema de João de Barros


Olof Arborelius (Swedish, 1842–1915), The Village Street


Caminho

                                         A Ferreira de Castro

Dizem aqueles tristes que julgaram
Ter vivido num dia toda a vida:
—  É tudo engano e a alma aborrecida
Morre dos ideais que alucinaram...

E aos outros gritam: —  Onde, esta subida
Atrás das ilusões que vos chamaram?
—  Loucos, parai... Só esses que pararam
Chegaram à verdade apetecida!

Mas nós — nem os ouvimos, nós, os fortes
Que através de mil prantos e mil mortes,
Sabemos que a verdade ou a ilusão,

—  Ideia altiva ou corpo de mulher — 
Nunca podem fugir a quem tiver
Beijos de amor e garras de ambição!




Olof Arborelius (Swedish, 1842–1915), A Farm Scene 
 

"A Poesia é a impressão de estar sempre em contacto com a morte."


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