terça-feira, 2 de julho de 2024

"Labirinto" - Poema de Jorge Luis Borges



Jimmy Ernst
(American painter born in Germany, 1920–1984), Lookscape, 1952.

 

Labirinto 


Não haverá nunca uma porta. Já estás dentro.
E o alcácer abarca o universo
E não tem anverso nem reverso
Não tem extremo muro nem secreto centro.

Não esperes que o rigor do teu caminho
Que fatalmente se bifurca em outro,
Que fatalmente se bifurca em outro,
Terá fim. É de ferro teu destino

Como o juiz. Não creias na investida
Do touro que é um homem cuja estranha
Forma plural dá horror a essa maranha

De interminável pedra entretecida.
Não virá. Nada esperes. Nem te espera
No negro crepúsculo uma fera.


Jorge Luis Borges,
em “Quase Borges: 20 transpoemas e uma entrevista”.
São Paulo: Terracota, 2013.
Traduções de Augusto de Campos.


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