Do verão
Do verão, diria uma planície lenta, quase amarela: o trigo
a enrolar-se nos pés, o oiro do sol, os cabelos
mais loiros. Um vento quente e ondulante sibilando
nas frestas de um celeiro. O fumo sonolento do calor
tornando informe o fio do horizonte. Do verão
diria também um tempo espesso onde todos
os acasos são sofríveis: duas papoilas, vermelho-sangue,
agitam a paisagem. Tu chegas e a minha pele chama-te
sete nomes em surdina. É a luz da tarde que faz o fulgor
dos fenos e aquece a roupa que abandonou o corpo
sem perguntas. As mãos podem então dar-se
todos os recados. E amanhã ninguém sabe. Fica
apenas um punhado de espigas quebradas sobre a planície
lenta; amarela, digo: as papoilas, entretanto, voaram.
Maria do Rosário Pedreira,
Do verão, diria uma planície lenta, quase amarela: o trigo
a enrolar-se nos pés, o oiro do sol, os cabelos
mais loiros. Um vento quente e ondulante sibilando
nas frestas de um celeiro. O fumo sonolento do calor
tornando informe o fio do horizonte. Do verão
diria também um tempo espesso onde todos
os acasos são sofríveis: duas papoilas, vermelho-sangue,
agitam a paisagem. Tu chegas e a minha pele chama-te
sete nomes em surdina. É a luz da tarde que faz o fulgor
dos fenos e aquece a roupa que abandonou o corpo
sem perguntas. As mãos podem então dar-se
todos os recados. E amanhã ninguém sabe. Fica
apenas um punhado de espigas quebradas sobre a planície
lenta; amarela, digo: as papoilas, entretanto, voaram.
Maria do Rosário Pedreira,
"Adote o ritmo da natureza. O segredo dela é a paciência."
Ralph Waldo Emerson
Alfred Sisley, Bridge at Hampton Court, 1874
"A natureza está constantemente a misturar-se com a arte."Ralph Waldo Emerson
Alfred Sisley, Bridge at Hampton Court, 1874
Ralph Waldo Emerson
Alfred Sisley, Bridge at Villeneuve-la-Garenne, 1872
"A Natureza é uma nuvem mutável, sempre e nunca a mesma."
Ralph Waldo Emerson
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