terça-feira, 11 de junho de 2013

"Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente" - Soneto de Luís Vaz de Camões


 Pintura de Columbano Bordalo Pinheiro, «Últimos momentos de Camões»


Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente


Erros meus, má Fortuna, Amor ardente 
Em minha perdição se conjuraram; 
Os erros e a Fortuna sobejaram, 
Que para mim bastava Amor somente. 

Tudo passei; mas tenho tão presente 
A grande dor das cousas que passaram, 
Que já as frequências suas me ensinaram 
A desejos deixar de ser contente. 

Errei todo o discurso de meus anos; 
Dei causa a que a Fortuna castigasse 
As minhas mal fundadas esperanças. 

De Amor não vi senão breves enganos. 
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse 
Este meu duro Génio de vinganças! 


Luís de Camões, in "Sonetos"
 



"As desordens da mocidade são outras tantas conspirações contra a velhice; 
pagam-se caras, à tarde, as loucuras da manhã." 



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