Marília, nos teus olhos buliçosos
Marília, nos teus olhos buliçosos
Os Amores gentis seu facho acendem;
A teus lábios, voando, os ares fendem
Terníssimos desejos sequiosos.
Teus cabelos subtis e luminosos
Mil vistas cegam, mil vontades prendem;
E em arte aos de Minerva se não rendem
Teus alvos, curtos dedos melindrosos.
Reside em teus costumes a candura,
Mora a firmeza no teu peito amante,
A razão com teus risos se mistura.
És dos Céus o composto mais brilhante;
Deram-se as mãos Virtude e Formosura,
Para criar tua alma e teu semblante.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Edith Martineau, In deep thought, 1871
Ó tranças de que Amor prisões me tece
Ó tranças de que Amor prisões me tece,
Ó mãos de neve, que regeis meu fado!
Ó tesouro! Ó mistério! Ó par sagrado,
Onde o menino alígero adormece!
Ó ledos olhos, cuja luz parece
Ténue raio de sol! Ó gesto amado,
De rosas e açucenas semeado,
Por quem morrera esta alma, se pudesse!
Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
E por cujos dulcíssimos favores
Talvez o próprio Júpiter suspira!
Ó perfeições! Ó dons encantadores!
De quem sois? Sois de Vênus? — É mentira;
Sois de Marília, sois dos meus amores.
Ó tranças de que Amor prisões me tece
Ó tranças de que Amor prisões me tece,
Ó mãos de neve, que regeis meu fado!
Ó tesouro! Ó mistério! Ó par sagrado,
Onde o menino alígero adormece!
Ó ledos olhos, cuja luz parece
Ténue raio de sol! Ó gesto amado,
De rosas e açucenas semeado,
Por quem morrera esta alma, se pudesse!
Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
E por cujos dulcíssimos favores
Talvez o próprio Júpiter suspira!
Ó perfeições! Ó dons encantadores!
De quem sois? Sois de Vênus? — É mentira;
Sois de Marília, sois dos meus amores.
Edith Martineau, Maid crocheting in a field, with a goat standing
Não, Marília, teu gesto vergonhoso
Não, Marília, teu gesto vergonhoso,
A luz dos olhos teus, serena e pura,
Teu riso, que enche as almas de ternura,
Agora meigo, agora desdenhoso;
Tua cândida mão, teu pé mimoso,
Tuas mil perfeições, crer que a ventura
As guarda para mim, fora loucura;
Nem sou digno de ti, nem sou ditoso.
E que mortal, enfim, que peito humano
Merece os braços teus, oh ninfa amada?
Que Narciso? Que herói? Que soberano?
Mas que lê minha mente iluminada!...
Céus!... Penetro o futuro... Ah, não me engano:
De Jove para o toro estás guardada.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
"Junto do meu leito meus poetas dormem –
- O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –
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