sábado, 5 de setembro de 2020

O «Ensina-me» - Poema de Bertold Brecht


Ralph Hedley, The Sculptor John Graham Lough in his Studio, 1881



O «Ensina-me» 


Quando era novo, mandei fazer numa tábua
A canivete e nanquim a figura dum velho
A coçar-se no peito por causa da sarna
Mas de olhar implorativo porque esperava que o ensinassem.
Uma segunda tábua pra o outro canto do quarto,
Que devia representar um moço a ensiná-lo,
Nunca mais foi feita.

Quando era novo tinha a esperança
De encontrar um velho que se deixasse ensinar.
Quando for velho, espero
Que se encontre um moço e eu
Me deixe ensinar.


Bertolt Brecht,
in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela


Ralph Hedley, Self-portrait, 1895


"Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre."

(Albert Einstein)

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