Artur Franco (Artista plástico português, n. 1950), Noturno,
Casa do Arco na cidade de Leiria, s.d.
Quando eu partir
Quando eu partir
Não chorem nem tenham pena.
Como diz o poema,
Fui apenas
Um passarinho que cantava,
A borboleta que voava
Procurando a sua flor,
Como quem busca o amor
Para dar e receber.
Fui pedra puída pelo tempo,
Rolando com marés.
Fui também alguém
Que gostava de viver.
De cantar
E de poder voar.
Rocha desfeita em areia,
Onda rolando em espuma,
Charco que a chuva deixou
E pensava ser espelho
Dos que passavam
E olhavam.
Mas não ficavam…
Fui um bichinho de conta
Enrolado em si mesmo
Como berlinde de vidro,
Brincadeira de criança.
Fui monte ao longe
Altaneiro
E fui campo de centeio
Ondulando pelo vento.
Fui tudo que a vista alcança
Ou apenas a criança
Que nunca soube crescer.
Não chorem nem tenham pena
Da formiguinha atarefada,
Pois fui tudo
E não fui nada
Nesta vida passageira.
Altaneiro
E fui campo de centeio
Ondulando pelo vento.
Fui tudo que a vista alcança
Ou apenas a criança
Que nunca soube crescer.
Não chorem nem tenham pena
Da formiguinha atarefada,
Pois fui tudo
E não fui nada
Nesta vida passageira.
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