(O Eugénio de Andrade espera-me num Café.
Atravesso as ruas do Porto – a cidade onde nasci –
Atravesso as ruas do Porto – a cidade onde nasci –
com os punhos cerrados de dor.)
mas para aprender dureza,
lume excedido,
coragem de mãos lúcidas.
Aqui no avesso da construção dos tempos
a palavra liberdade
é menos secreta.
Anda nos olhos da rua
pega lanças aos gestos,
tira punhais das lágrimas,
conclui as manhãs.
E principalmente
não cheira a museu azedo
ou musgo embalado
pela chuva da boca dos mortos.
Começa nos cabelos das crianças
para me sentir mais nascido nestas pedras.
Porto
– cidade de luz de granito.
Tristeza de luz viril
com punhos de grito.
José Gomes Ferreira,
"Daqui houve nome Portugal" - Antologia de verso e prosa sobre o Porto,
organizada e prefaciada por Eugénio de Andrade,
Editorial Inova, 1968.
"O
Porto ergue-se em anfiteatro sobre o esteiro do Douro e reclina-se no
seu leito de granito. Guardador de três províncias e tendo nas mãos as
chaves dos haveres delas, o seu aspeto é severo e altivo, como o de
mordomo de casa abastada."
Alexandre Herculano (Escritor, historiador, jornalista e poeta português, 1810–1877)
Sem comentários:
Enviar um comentário