terça-feira, 20 de abril de 2021

"Motivo" - Poema de Aleilton Fonseca


 
Charles Laval, Self-Portrait, 1888, oil on canvas, 50 × 60 cm,  
Van Gogh Museum, Amsterdam


Motivo


calar é ceder à morte
sob o gume da automordaça

o grito é o sangue da vida,
dardo do espírito inquieto

por isso
(meu) grito!
júbilo ou/e dor

sei que eles despedaçam silêncios,
abarrotam vazios e conquistam rumos
que nunca seriam devassados
não fosse sua viagem no tempo

sobretudo
têm o condão de ressuscitar
fragmentos de mim
porventura tombados nalgum combate
oculto nas moitas do tempo
 
 
 
Charles Laval, Paysage de la Martinique, 1887

[Charles Laval (Paris, 17 de março de 1860 - Paris, 26 de abril de 1894) foi um pintor pós-impressionista francês. Foi amigo de Paul Gauguin e Vincent van Gogh.]
 

 Pós-impressionismo


O movimento pós-impressionista surgiu como uma intelectualização do Impressionismo, entendido pelos artistas que o integraram como um método empírico de perceção da realidade. O pintor Georges Seurat foi considerado o principal teorizador deste movimento e o primeiro a desenvolver a técnica do Pontilhismo. Através da sua "pintura ótica", Seurat apresentou os fundamentos desta nova técnica, posteriormente seguida por outros pintores como Paul Signac.

Ao contrário dos impressionistas que aplicavam e misturavam a tinta sobre a paleta, Seurat colocava-a diretamente sobre a tela em pequenos pontos de concentração variável, correspondentes às cores do objeto visto de perto. Por sua vez, estes pontos eram compostos na retina, através de um processo de mistura ótica. Um maior efeito lumínico e cromático era desta forma conseguido, pelo contraste simultâneo. Dando forma e expressão às formulações no campo da teoria da cor, Seurat tentou racionalizar as sensações causadas pela pintura. Na obra A Grande Jatte, realizada entre 1884 e 1885, concretiza os fundamentos da sua estética e pesquisa pictórica.

Os seus contemporâneos Vincent Van Gogh e Paul Gauguin contribuíram igualmente para a definição de uma pintura baseada na simbologia codificada da cor, como meio de expressão de sentimentos e tensões.

Paul Cézanne desenvolve uma representação objetiva, menos emotiva, que se revela tendência para a geometrização dos elementos formais da composição. (daqui)

 

 
Charles Laval, Going to Market, Brittany, 1888, Indianapolis Museum of Art 

Sintetismo

Sintetismo é um estilo e técnica pictórica desenvolvida em França no final do século XIX com o propósito de representar as impressões primárias provocadas pelos objetos e pela natureza, nomeadamente através da redução dos volumes a duas dimensões e do uso de superfícies de cor delimitadas por contornos vigorosos. O termo é usado por artistas pós-impressionistas como Paul Gauguin, Émile Bernard e Louis Anquetin para distinguir seu trabalho do impressionismo. O Sintetismo é outra subcorrente do Simbolismo. Este tipo de arte também é chamado de Neotradicionalismo ou Cloisonnisme (Alveolismo).

 


Paul Gauguin, pintor francês pós-impressionista, nasceu a 7 de junho de 1848, em Paris, e morreu a 8 de maio de 1903, nas Ilhas Marquesas.
Depois de ter sido marinheiro e empregado bancário, decidiu enveredar pela pintura, ao conhecer Camille Pissarro e o trabalho dos impressionistas. Em constante revolta contra os artifícios e os convencionalismos da época, encetou um retorno às origens em Taiti. A Bretanha constitui contudo o primeiro passo no seu percurso artístico. 
Libertando-se do Impressionismo, em O Cristo Amarelo (1889) utiliza cores lisas delimitadas por contornos, processo que se assemelha à arte do vitral medieval, e que vai aperfeiçoar naquilo a que se chamou o "cloisonnisme". 
Em Manao Tupapau (1892), já no Taiti, as prioridades do espaço pictural prevalecem sobre a realidade, as proporções das figuras são deformadas, a perspetiva alterada, as cores são intensas e profundas, mas nunca agressivas. 
Em A Lua e a Terra (1893) expressa os seus sentimentos sobre a cultura maori. 
Com O Cavalo Branco (1898) o seu estilo conserva-se essencialmente o mesmo, mas torna-se mais poderoso. 
A sua obra-prima é a alegoria Donde Vimos? Que Somos? Para Onde Vamos? (1897) uma espécie de testamento mágico-religioso executado antes de uma tentativa de suicídio. 
A sua arte influenciou diretamente os Nabis, o Fauvismo, o Simbolismo e mesmo o Expressionismo de Edvard Munch. (daqui) 

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