Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.
Teresópolis, 1912
Manuel Bandeira,
A Cinza das Horas, 1917
Charles James McCall, London Street, 1954
Velha cidade silenciosa…
O perfume das flores flutuando
e à noite um sino a cantar.
O perfume das flores flutuando
e à noite um sino a cantar.
(Haicai / Haikai / Haiku)
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