sexta-feira, 23 de abril de 2021

"Já?" - Poema de Alberto Pimenta

 
 
Charles Demuth (American, 1883–1935),  The Tower, 1920
Columbus Museum of Art  (Movement: Precisionism)



Já? 


já tentaste praticar o bem
fazendo mal?
já tentaste praticar o mal
fazendo bem?
já tentaste praticar o bem
fazendo bem?
já tentaste praticar o mal
fazendo mal?
já tentaste praticar o bem
não fazendo nada?
já tentaste praticar o mal
fazendo tudo?
já tentaste praticar tudo
não fazendo nada?
e o contrário, já tentaste?
já?
seja qual for a tua resposta,
não sei que te diga. 


Alberto Pimenta
,
in 'Prodigioso Acanto' 
 
[Alberto Pimenta (Porto, 26 de dezembro de 1937), escritor, poeta e ensaísta, distingue-se na literatura contemporânea pelo caráter crítico e irreverente da sua obra, bem como pela diversidade dos meios de expressão artística: poesia, ficção, teatro, linguística, crítica, ensaio, happenings, performances, colagens.]
 
 
Charles Sheeler, Skyscrapers, 1922  
 
 
Preciosismo 
Movimento Artístico 
 
 
O Preciosismo (em inglês Precisionism) foi o primeiro movimento de arte moderna nos  Estados Unidos e uma contribuição americana para a ascensão do Modernismo. O estilo Precisionist, que surgiu pela primeira vez após a Primeira Guerra Mundial e estava no auge de sua popularidade durante a década de 1920 e início da década de 1930, celebrou a nova paisagem americana de arranha-céus, pontes e fábricas numa forma que também foi chamada de “Realismo Cubista”
 
O termo Precisionism terá sido referido pela primeira vez, em 1927, pelo diretor do Museu de Arte Moderna Alfred H. Barr. Os artistas que pintavam com este estilo também eram chamados de Immaculates (Imaculados), que era um termo mais utilizado naquele período. Seus dois praticantes mais famosos foram Charles Demuth e Charles Sheeler.
 
Este estilo de pintura, com influências no Cubismo, Futurismo e Orfismo, é marcado pela precisão e simplicidade das linhas nos cenários arquitetónicos industriais e urbanos desprovidos de atividade humana. O movimento expressa uma espécie de veneração para a era industrial, mesmo que não seja um componente fundamental do estilo. O grau de precisão nos detalhes é considerável. Charles DemuthCharles Sheeler, Preston Dickinson, Louis Lozowick e Georgia O'Keeffe eram especialistas em precisão. Até George Ault, Ralston Crawford e Gerald Murphy estão associados ao estilo.
 
Georgia O'Keeffe permaneceu fiel aos ideais do Precisionism até a década de 1960, embora seus trabalhos mais conhecidos não estejam ligados a esse movimento. Seu marido, o fotógrafo Alfred Stieglitz, era um respeitado mentor do grupo.
 
O movimento não inclui artistas fora dos Estados Unidos e, embora um manifesto não tenha sido criado, os próprios artistas formaram um grupo coeso e organizaram as exposições juntos, entre 1920 e 1930. 
 
A arte do Preciosismo teria uma influência indireta nos estilos posteriores conhecidos como Realismo mágico, Arte Pop e Fotorrealismo. (Daqui) 
 
 
Preston Dickinson, Industry II,  c. 1918–1920 
 
 
Progresso?
 
Enorme canhão,
o arranha-céu acompanha
o voo do avião.
 
(Haicai / Haikai)
 
 
 
Preston Dickinson, Factory, c. 1920. Oil on canvas, Columbus Museum of Art
 
 
Praticar uma arte...
 
“Praticar uma arte, não importa como, bem ou mal, é um caminho para fazer sua alma crescer, pelo amor de Deus. Cante no chuveiro. Dance para o rádio. Conte histórias. Escreva um poema a um amigo, mesmo um péssimo poema. Faça isso tão bem quanto puder fazer. Você terá uma enorme recompensa. Você terá criado alguma coisa.”

“Practicing an art, no matter how well or badly, is a way to make your soul grow, for heaven's sake. Sing in the shower. Dance to the radio. Tell stories. Write a poem to a friend, even a lousy poem. Do it as well as you possibly can. You will get an enormous reward. You will have created something.”
 
Kurt Vonnegut
, de “Um homem sem Pátria”, 2005
Tradução de Fabio Malavoglia 
 
 

[TALLAHASSEE, FL - 1986: Author Kurt Vonnegut poses at the Turnbull Conference Center on the campus of Florida State University after a Distinguished Lecture Series speech in 1986 in Tallahassee, Florida. (Photo by Mickey Adair/Getty Images)]

Kurt Vonnegut nasceu em Indianápolis, nos Estados Unidos, em 1922. É autor de trinta romances, vários ensaios e peças de teatro, muitos dos quais com adaptações ao cinema e à televisão.
É um dos poucos grandes mestres da literatura norte-americana contemporânea. Sem ele, a própria expressão «literatura norte-americana» perderia parte do sentido. Morreu no dia 11 de Abril de 2007.

 


'Um Homem Sem Pátria', de Kurt Vonnegut
 
[A edição portuguesa, em tradução de Susana Serras Pereira para a Tinta-da-China
tem como subtítulo Memórias da América de George W. Bush.]

«Um Homem sem Pátria é como que uma versão, escrita para adultos, do Principezinho do século XXI.»  — John Freeman

Um Homem Sem Pátria, o primeiro livro do autor desde 1999, demonstra que Kurt Vonnegut permanece entre os grandes nomes da literatura norte‑americana contemporânea.

Composto por curtos ensaios, generosamente ilustrados com desenhos assinados pelo autor, Um Homem Sem Pátria revela‑nos um Vonnegut vociferante de indignação e, ao mesmo tempo, em afetuosa comunicação com os seus compatriotas americanos. O autor dá voz ao seu entusiasmo por manifestações humanas tão diversas como os blues ou o empenho desinteressado dos bibliotecários. Mas, sobretudo, dá voz ao seu desgosto face àquilo que diagnostica como a subversão do processo democrático propiciada pelo governo de George W. Bush, denuncia as «personalidades psicopáticas» dessa administração e reflete sobre a corrupção e os recentes escândalos corporativos.

Um registo por vezes humorístico, outras vezes atormentado, e sempre, sempre inconformado. Eis o mote: «Não há razão para que o bem não possa triunfar sobre o mal, basta que os anjos se organizem mais ou menos como a máfia.» (Daqui)

 

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