Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.
Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.
Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Desperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.
Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.
Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Desperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?
2-10-1933
Novas Poesias Inéditas
William-Adolphe Bouguereau (French painter1825–1905), Soul Carried to Heaven, 1878,
Musée des Beaux-Arts de Montréal. (Alma transportada para o céu por dois anjos.)
William-Adolphe Bouguereau (French painter1825–1905), Soul Carried to Heaven, 1878,
Musée des Beaux-Arts de Montréal. (Alma transportada para o céu por dois anjos.)
Estética
Este termo diz respeito à filosofia, na medida em que aí surge (com Baumgarten e Kant no século XVIII) como uma disciplina filosófica. Este termo deriva do grego, aistesis, significando "sensação". A estética era, no contexto grego, o conhecimento do mundo sensível, do mesmo modo que a noética era o conhecimento do mundo inteligível. Estava ainda ligado a uma noção muito cara ao pensamento grego, a beleza e a contemplação dela: supremo objetivo da arte. Hoje a estética significa a disciplina filosófica que trata dos problemas da arte, na medida em que estes sejam problemas pertinentes no âmbito que a filosofia abrange: por exemplo a relação criadora entre o artista e a obra de arte, a experiência contemplativa da obra de arte.
Com Platão acontece a separação entre o domínio da estética - o do mundo sensível - e o domínio da beleza - o do mundo inteligível. O mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo inteligível, por isso a arte, sendo uma imitação do mundo sensível, já tem pouco da verdade da beleza universal situada no mundo inteligível. Por esta razão a arte, enquanto imitação da imitação, é desvalorizada por Platão.
Aristóteles tem uma interpretação diferente ao propor que a arte deve imitar a natureza na sua forma de agir.
Aristóteles tem uma interpretação diferente ao propor que a arte deve imitar a natureza na sua forma de agir.
Com a escola franciscana medieval, onde se destaca a figura de São Boaventura, a estética é revalorizada, na medida em que aí se entende que a criação é símbolo que aponta para o Criador, para Deus. Assim sendo, a criação, a natureza, é então uma manifestação de Deus que, ao criar, deixou imprimida a sua assinatura na obra; deste modo é possível, meditando na criação, ascender ao Criador, ascender a Deus, uma vez que a criação é plena de significado, pois nada foi deixado ao acaso. Cada elemento da natureza é como uma palavra de um livro, por aqui se vê a dignidade que a questão estética assume com esta escola.
Com Schelling, na esteira de Kant, mas alargando a perspetiva deste último, a arte é tida como uma expressão - no sentido de materialização - do Espírito, do Absoluto, quer dizer, é um modo de este se exteriorizar e manifestar, numa palavra, de se mostrar.
No século XX eclodem variadíssimas perspetivas, frequentemente em oposição: a escola marxista, para quem a arte é um reflexo do domínio económico-social, ou seja, ideológica; o positivismo, procurando evidenciar a objetividade na interpretação da obra de arte; a fenomenologia, destacando a relação entre sujeito e objeto estético, na relação intencional que subjaz ao primeiro; as estéticas provenientes por vias travessas da corrente nietzschiana, procurando expressar o que as formas exteriores, apolíneas, escondem; e, finalmente, a psicanálise que veio dar um impulso novo na dinâmica da estética ao abri-la ao mundo onírico, pois permitiu perceber que cada obra de arte forma uma unidade de sentido, ainda que não evidente, onde estão latentes significados do subconsciente. (Daqui)
William Bouguereau (1825-1905), Self-portrait, 1879
"Cada dia entro no meu estúdio cheio de alegria; à noite, quando a escuridão me obriga a deixá-lo, mal posso esperar pelo dia seguinte. Se eu não me pudesse devotar à minha amada pintura eu seria um pobre coitado."
Sem comentários:
Enviar um comentário